Preocupação é com a redução do poder de compra dos consumidores
O pacote de medidas anunciado neste mês pela nova equipe econômica do governo federal - que inclui, entre outros, aumento de tributos sobre os combustíveis, sobre os produtos importados e sobre as operações envolvendo cartões de crédito - vai afetar diretamente alguns setores produtivos, entre eles o comércio varejista, que teme a redução do poder de compra do consumidor.
Por isso, a Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) - entidade que representa as Câmaras de Dirigentes Logistas (CDLs) espalhadas pelo país - decidiu procurar o governo para debater o problema.
Na próxima semana, representantes da CNDL se reunirão com o ministro de Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro, em Brasília. De acordo com o presidente da CDL-BH, Bruno Falci, o encontro servirá para discutir os impactos das medidas no dia a dia do empresariado. E tentar soluções para que o setor não seja tão prejudicado.
"O reflexo do pacote anunciado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, pode aliviar as contas do governo. Mas a um custo muito alto para o setor produtivo brasileiro e também para sociedade. Não é justo nos passar a conta da má gestão da máquina pública", afirmou Falci. Além da direção do CNDL, participam da audiência da próxima semana, entidades de classe de diversos setores produtivos do Brasil.
Segundo o dirigente, ao sobrecarregar e onerar empresas e consumidores com mais impostos, o governo vai na contramão das necessidades do momento, quando os esforços deveriam estar voltados para reduzir custos e aumentar a eficiência da máquina pública.
"Como manteve o cofre escancarado durante muito tempo, a nova equipe econômica quer botar as finanças em ordem à custa dos brasileiros. O governo precisa dar o exemplo e cortar gastos públicos", completou.
Impacto - Entre as medidas anunciadas, além do aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) e dos tributos incidentes sobre a gasolina e o diesel (Cide), outras medidas anunciadas impactam diretamente as contas das empresas, como alterações das regras para benefícios sociais e previdenciários, fim das desonerações do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), aumento dos juros do BNDES para o setor produtivo, aumento da taxa de importação e o veto da presidente da República ao reajuste de 6,5% na tabela do Imposto de Renda.
"Todas essas medidas têm impacto direto na vida das empresas, do empresário e dos consumidores", ressaltou Falci. Que completou: "Convivemos durante todo o ano de 2014 com inflação em alta e juros em patamares elevados. E a conseqüência foi um ano ruim para o varejo. Esse ano a tendência é que esse cenário se repita. Mas temos que evitar que piore".
Veículo: Diário do Comércio - MG