Davi Franzon
Empresas de transporte de cargas decidiram elevar o custo do frete nas cidades onde foram adotadas medidas restritivas à circulação dos veículos de entrega. Desde ontem, os empresários já estão autorizados a cobrar a Taxa de Restrição ao Trânsito (TRT), que vai acrescentar um valor de 15% sobre as entregas realizadas nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro e no Distrito Federal. Assim como ocorreu na Capital paulista, estes locais também adotaram horários específicos para os caminhões.
A nova taxa terá um valor mínimo de R$ 12. O piso será cobrado, por exemplo, em um frete de R$ 80. A partir desse valor, o entregador vai calcular a TRT e fechará o valor cobrado pela prestação do serviço.
O presidente da Associação Nacional de Transporte de Cargas e Logística (NTC&Logística), Flávio Benatti, explicou que a TRT foi criada após um levantamento dos custos gerados pelas novas regras, principalmente a restrição dentro da nova Zona Máxima de Restrição (ZMRC), que passou de 25 km para 100 km. "O levantamento nos últimos 30 dias indicou um aumento global de 44% no custo das empresas. Esse peso provocou a criação da TRT", explicou. Além disso, a Justiça negou a liminar impetrada pelas empresas contra o rodízio de caminhões estabelecido na Capital.
Benatti explicou que o aumento foi provocado pela elevação dos custos com adicional noturno, contratação de caminhoneiros autônomos e a substituição das frotas por veículos menores (vans e kombis). "O levantamento levou em conta esse primeiro mês de vigência da restrição. Chegamos ao porcentual de 15% sobre o frete", justificou.
De acordo com Benatti, a contratação de caminhoneiros autônomos cresce a cada semana na Capital, por causa do rodízio. Ele explicou que as empresas de transporte de carga, com ou sem a restrição, precisam cumprir seus contratos, o que levou à procura de caminhões fora da frota fixa. "O rodízio colocará um veículo fora de circulação, o empresário contratará um autônomo e o colocará na rua. Será uma substituição de frota", disse.
O presidente da NTC&Logística garante que a frota de veículos pesados nas ruas da Capital não foi reduzida. Essa alternativa (substituição por autônomos) vai anular a redução de 20% anunciada pela Prefeitura com o rodízio, segundo ele.
O Sindicato dos Caminhoneiros Autônomos (Sindcam) confirmou as informações de Benatti. Segundo Barnabé Rodrigues, diretor da entidade, a procura por caminhoneiros autônomos subiu 15% nos últimos 30 dias. Empresas do setor bebidas, alimentos e entrega de eletrodomésticos são as que mais estão procurando caminhões autônomos.
Veículo: Diário do Comércio - SP