Em Minas, cotações baixas da pluma ao longo de 2014 desestimularam os cotonicultores
Os preços baixos pagos pela pluma de algodão, ao longo de 2014, desestimularam os produtores que reduziram o plantio do grão e investiram em culturas mais lucrativas, como a soja, por exemplo. Com isso, a produção mineira de pluma, segundo dados da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), ficará 4,2% inferior à colhida em 2013/14. A estiagem registrada nas áreas de produção em janeiro não deve interferir no rendimento da cultura, que é mais resistente ao estresse hídrico.
De acordo com o diretor-executivo da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa), Lício Pena, a expectativa para 2015 é de recuperação dos preços, já que a redução do plantio aconteceu em todo o país. Os dados da Conab mostram que a produção brasileira ficará 11% inferior, com a colheita de 1,5 milhão de toneladas.
Em Minas Gerais, a produção foi estimada em 27,1 mil toneladas de pluma, volume 4,2% inferior 28,3 mil toneladas geradas na safra anterior. Em função das condições climáticas desfavoráveis, o plantio de algodão no Estado foi tardio sendo iniciado somente em dezembro.
A produtividade média para a cultura foi calculada em 3,6 toneladas por hectare, alta de 3,8%. De acordo com os dados da Conab, em Minas Gerais, a área de cultivo de algodão alcançou 19,3 mil hectares, sinalizando redução de 7,7%.
Concorrência - A queda no espaço dedicado à cultura se deve à tendência baixista observada nos preços de comercialização de pluma, motivada pelo aumento da oferta mundial de algodão acima do crescimento do consumo. Além disso, o custo elevado da cultura e a concorrência com a soja também pesaram na decisão dos produtores.
"Nossa expectativa é de recuperação dos preços ao longo de 2015, uma vez que a oferta de pluma ficará mais limitada. O ano passado foi desfavorável para a cultura, a ponto de o governo federal, através da Conab, ter realizado um leilão de Prêmio Equalizador Pago ao Produtor Rural (Pepro)", explica.
Segundo o levantamento da Amipa, a arroba de pluma está cotada em torno de R$ 57, enquanto o preço ideal, que cobriria os custos e garantiria margem de lucro ao produtor, seria de no mínimo R$ 65 por arroba.
Em relação ao desenvolvimento da cultura, a estiagem registrada no primeiro mês do ano, não deve impactar negativamente na produtividade. "O algodão é uma planta mais resistente à falta de água, por isso, acreditamos que se as chuvas ficarem mais regulares ao longo dos próximos dias, será possível recuperar o crescimento vegetativo sem interferir na produção. Nosso receio são as elevadas temperaturas, que podem provocar a queda de folhas e abortamento dos botões, mas se tivermos uma maior umidade é possível, com os tratos culturais e manejo adequados, minimizar os efeitos", avalia Lício.
Ainda segundo Pena, a estiagem atípica tem contribuído para o maior aparecimento de pragas nas unidades produtoras, principalmente lagartas. Por isso, a recomendação da Amipa é que os produtores façam o monitoramento do espaço, o que evita a proliferação das pragas.
"Os produtores investiram em tecnologia de ponta e, hoje, são capazes de monitorar com precisão a evolução das pragas. Esse tipo de controle é fundamental para ter um custos mais controlado e evitar perdas, com a Helicoverpa armigera, por exemplo".
Veículo: Diário do Comércio - MG