Aquisição de leite em pó e credenciamento de cooperativas estão entre as pautas a serem apresentadas hoje ao governo federal
O Instituto Gaúcho do Leite (IGL) coordena, hoje, uma força-tarefa que irá a Brasília reivindicar apoio à cadeia do leite do Rio Grande do Sul. Além da crise do segmento, que, calcula-se, já tirou 6 mil produtores da atividade no Estado e fez reduzir o consumo em 12% desde que foi deflagrada a Operação Leite Compensado, há o efeito da sazonalidade do verão sobre o consumo. Esta é a primeira grande articulação política do IGL fora do Estado.
Pela manhã, o grupo, que é formado por representantes das secretarias da Agricultura e do Desenvolvimento Rural, senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS), deputados federais e estaduais, Famurs, prefeitos, lideranças de cooperativas e produtores, vão reunir-se com interlocutores da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e dos ministérios do Desenvolvimento Agrário e Desenvolvimento Social. A proposta é que, com recursos dessas duas pastas, sejam adquiridos de indústrias e cooperativas gaúchas 4 mil toneladas de leite em pó para uso em programas sociais. De acordo com o presidente do IGL, Gilberto Piccinini, o objetivo é retirar leite em pó estocado do Rio Grande do Sul para que as maiores empresas do segmento voltem a comprar matéria-prima. “Hoje, elas estão adquirindo, mas em bem menor volume.” Segundo Piccinini, a redução na demanda de leite afeta cooperativas de produtores da região Noroeste do Estado, que vendem leite no mercado spot para os grandes processadores. Na avaliação do presidente do IGL, há boas perspectivas políticas para que o acordo saia do papel.
À tarde, o compromisso é com a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, e com a secretária de Relações Internacionais do Ministério da Agricultura, Tatiana Lipovetskaia Palermo. A pauta será o credenciamento urgente das plantas industriais de leite em pó das cooperativas CCGL, Cosuel e Cosulati. Atualmente, só a planta de Teutônia da BRF está habilitada no Estado. Piccinini ressalta que, já em outubro passado, a Rússia demandou 30 mil toneladas de leite em pó ao Brasil. “A guerra com a Ucrânia, um fornecedor tradicional do produto, abriu essa oportunidade de mercado para o Brasil com exigências sanitárias mais flexíveis. Precisamos aproveitar esta oportunidade”, pondera o presidente do IGL.
Segundo o diretor-executivo do IGL, Ardêmio Heineck, os dois temas vêm sendo tratados tecnicamente desde outubro de 2014. Porém, a situação de crise da cadeia leiteira demanda resultados imediatos para minimizar os efeitos negativos, principalmente sobre milhares de produtores de leite. A Federação dos Trabalhadores na Agricultura no Rio Grande do Sul (Fetag) e Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar da Região Sul do Brasil (Fetraf-Sul) projetam que 25 mil famílias envolvidas com a produção leiteira poderão ter que abandonar a atividade em cinco anos. “As reuniões agendadas, de cunho político, são para destravar a burocracia, gerando resultados imediatos”, conclui Heineck.
Veículo: Jornal do Comércio - RS