Britânia fecha fábrica no Nordeste

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A Britânia do Brasil anunciou o encerramento das atividades de sua unidade no Nordeste. Localizada em Camaçari, a 40 quilômetros de Salvador. A Britânia do Nordeste produzia ventiladores, ferros elétricos, batedeiras, liquidificadores e espremedores de fruta. O fim da operação baiana, de acordo com informações da gerente de administração de vendas, Soila Vicente, se dá em função da decisão da empresa de concentrar toda sua produção na unidade de Joinville, em Santa Catarina.

 

"Concluímos, em outubro do ano passado, a ampliação desse parque industrial que passou a ter 36 mil metros quadrados, área suficiente para absorver a produção de Camaçari", disse. Segundo Soila, a transferência da produção vai otimizar a logística e distribuição da companhia, integrando também um processo de reestruturação das operações industriais decorrente da atual situação econômica mundial e nacional. Há dois anos, a fábrica de São José dos Pinhais, no Paraná, também foi desativada e a produção transferida para Joinville.

 

Embora a informação não tenha sido oficializada pela companhia, fontes do mercado dizem que o fechamento também foi motivado por incentivos fiscais e pelas dificuldades que a Britânia vinha enfrentando na região Nordeste para colocar seus produtos em grandes redes da região, o que dificultou o projeto de aumentar participação no Nordeste.

 

Com o fechamento da fábrica de Camaçari, inaugurada em 2003 com investimento de R$ 35 milhões e expectativa de responder por 30% da produção total da empresa, 370 trabalhadores estão sendo demitidos. Em comunicado oficial, a companhia informa que "os compromissos trabalhistas, fiscais, legais e com fornecedores serão devidamente honrados". O anúncio do fechamento da unidade fabril, feito na quarta-feira de cinzas, pegou de surpresa os funcionários da companhia. A fábrica de Camaçari produzia em média 1,2 milhão de unidades por ano, com destaque para a fabricação de ventiladores, que era o carro-chefe dos produtos.

 

Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Camaçari, Aurino Pedreira, os trabalhadores da Britânia do Nordeste estão em férias coletivas desde o dia 10 de fevereiro, com o retorno previsto para a próxima segunda-feira, dia 2 de março. "Em nenhum momento a empresa havia sinalizado o fechamento da fábrica", afirmou Pedreira.

 

Reestruturação

 

Para Aurino, não tem crise que justifique o encerramento das atividades da unidade e a Britania estaria se aproveitando para promover um processo de reestruturação sem nenhuma responsabilidade social. O sindicato já acionou o Ministério Público do Trabalho e pretende reunir os trabalhadores hoje para discutir o problema e tomar novas medidas contra as demissões.

 

Na reunião ocorrida na última quarta-feira, quando dirigentes da Britânia comunicaram o fechamento da fábrica baiana aos sindicatos das empresas do setor metal-mecânico e dos trabalhadores metalúrgicos, Aurino Pedreira disse que ficou surpreso com a argumentação de que os produtos fabricados pela empresa como ventiladores, batedeiras, dentre outros, não tinham "boa penetração no Nordeste". "Outro argumento foi de que não houve calor suficiente nos estados do Sul e do Sudeste para aquecer a compra de ventiladores", disse.

 

De acordo com o presidente do sindicato dos metalúrgicos, nos últimos três meses, a desculpa da crise econômica tem sido uma constante e teve como conseqüência o desemprego de 1,96 mil trabalhadores, incremento de 94,5% nas demissões do período. "Esses números envolvem o setor de metalurgia na Bahia. Estamos detectando um agravamento no processo de demissões pelo estado em relação ao mesmo período do ano anterior, mas é preciso deixar claro que a crise não está motivando isso. Os empresários utilizam como desculpa", afirmou o executivo.

 

O representante do sindicato das Indústrias Metalúrgicas do Estado da Bahia, Jorge Castro, que também esteve presente à reunião, confirmou a informação de que os dirigentes da empresa alegaram "falta de calor suficiente nos estados do Sul e Sudeste para impulsionar as vendas de ventiladores". Castro ainda acrescentou que os espremedores de frutas, produzidos pela empresa, estão encalhados.

 

"Hoje as pessoas compram as popas de frutas. Não há mais tanta necessidade de se ter um espremedor em casa. A alegação econômica da empresa para realizar tal medida é fruto de uma reestruturação que a indústria tem feito em suas unidades espalhadas pelo Brasil. A produção será toda centrada em uma fábrica localizada no Sul do País", disse Castro. De acordo com ele, apesar do fechamento da Britânia, o setor metal-mecânico, que reúne 400 empresas na Bahia, não apresenta reflexo significativo da crise.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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