Supermercado médio busca fusões para ganhar fôlego

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Para enfrentar as dificuldades oriundas da crise, as redes supermercadistas de médio porte deverão intensificar o ritmo de fusões e aquisições neste ano, depois de o setor passar praticamente um ano sem movimento significativo de compra e venda. Para especialistas, esta é a alternativa mais viável para essas empresas enfrentarem concorrentes de peso, como Carrefour, Grupo Pão de Açúcar e Wal-Mart, ganharem escala de compras com os fornecedores e reduzirem os custos com logística.

 

O exemplo mais recente é a possível compra da Gimenes S.A. pela Ricoy Supermercados. Entretanto, o negócio pode sofrer a interferência da mineira Bretas Supermercados, que ainda se considera no páreo. Esta também foi a alternativa vista pelas cariocas Rede Economia e MultiMarket, que formaram em fevereiro a rede MultiEconomia.

 

Segundo Ronaldo Teixeira, diretor executivo da MultiMarket, a negociação era conduzida desde novembro do ano passado, e não houve qualquer desembolso pelas varejistas. "O mercado precisa de players saudáveis, competitivos. Somos a maior rede do estado em número de lojas, ultrapassando inclusive o Pão de Açúcar, que possui 99 unidades", afirma.

 

A nova rede nasce com 109 pontos-de-venda e almeja crescimento orgânico de 20% este ano, com a adesão de novos associados do pequeno varejo. Se antes as redes não figuravam entre as dez maiores no ranking estadual, a MultiEconomia deverá figurar entre as sete primeiras no próximo ano. Teixeira calcula que a economia será de 5% nas compras e já opera com centro de distribuição de 11 mil metros quadrados. "Esta redução de preço será repassada ao consumidor", diz. Mesmo sem associar o fechamento do negócio à crise, o executivo admite que o setor não ficará fora deste processo de desaceleração. "Seremos os últimos da cadeia produtiva a senti-la, mas estamos preparados para uma mudança de hábito do consumidor", avalia.

 

Em relação à unificação das lojas, serão aplicados R$ 4 milhões que englobarão a troca de layout das lojas, de uniforme e de publicidade, coordenada pela agência Agnelo Pacheco. Estas mudanças estarão concluídas até o final de março, e a supermercadista lançará, ainda este ano, o cartão próprio (private label), em parceria com a Fininvest, do conglomerado Itaú Unibanco.

 

Disputa

 

A novidade no processo de venda do Gimenes, rede de Sertãozinho (SP) administrada pelo fundo Governança e Gestão Investimentos, um de cujos sócios é Antônio Kandir, ex-ministro do Planejamento, é a entrada da sétima maior supermercadista do País, a mineira Bretas, que disputará com a paulista Ricoy as 23 lojas. De acordo com Estevam Duarte de Assis, presidente da Bretas, "a rede tem interesse na aquisição e mantém conversas com o fundo G&G". Se a negociação avançar, parte do pagamento será feita com recursos próprios e a outra parte será levantada junto a bancos.

 

Fundada há 50 anos por Ildeu Bretas com três irmãos, a cadeia é formada por 56 unidades entre Minas Gerais e Goiás. Ela alcançou faturamento de R$ 1,8 bilhão no ano passado, cifra 17% maior na comparação com 2007. Este ano, a previsão é de atingir R$ 2,1 bilhões, entretanto a companhia ainda está à mercê do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para financiar 60% de seu plano de expansão e modernização, orçado em R$ 120 milhões.

 

Alcance

 

Se o martelo for batido na negociação entre a Gimenes e a Ricoy, a rede paulistana subirá duas posições no ranking paulista, passando a ocupar a quarta colocação. A compradora tem como sócio proprietário Paulo Tadao Yokoi, que considera o negócio uma grande oportunidade de avanço no plano estratégico de crescimento da empresa. "O interior de São Paulo é muito interessante. Além disso, ampliaremos nosso tamanho em termos de ganho de escala, essencial ao varejo."

 

A Ricoy, que congrega as bandeiras Yokoi, Riviera, Economax, A Mais, Pão de Mel e Peri, poderá passar de 59 a pelo menos 82 lojas. Para Sussumu Honda, presidente da Associação Brasileira de Supermercados (Abras) e sócio da rede A Mais, a empresa é forte, e cresceu depois de um período de reestruturação. "Para enfrentar o mercado, a melhor solução é unir forças com outra rede. Sempre estimulamos isso, pois o mercado é muito acirrado", diz.

 

Em entrevista ao DCI, Luiz Zanoni, diretor de Varejo da Cerealista Maranhão - que tem três lojas em Catanduva (SP) -, disse que chegou a conversar com a administradora da rede, mas não houve avanço. "Acredito que a Ricoy arrematará a rede. A conversa aconteceu mais pela nossa proximidade", conta. Ele ressalta que o Pão de Açúcar e o Wal-Mart também estavam nessa briga.

 

Veículo: DCI


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