Sete em cada dez contratações começam na rede de contatos

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Cerca de 70% das recolocações de profissionais que ocupam cargos de alto nível hierárquico ocorre por meio de networking, isto é, graças à rede de contatos pessoal de cada um. A afirmação é da gerente de consultoria da Ricardo Xavier Recursos Humanos, Renata Perrone. Para o presidente da Gutemberg Consultores, Gutemberg de Macedo, o networking é uma prática tão antiga quanto a própria civilização. "Ao longo da história, qualquer pessoa que tenha se destacado sempre esteve rodeada de grande amigos, que proporcionaram a ela a abertura a novos ambientes e também aprendizados", observa.

 

Em um primeiro momento, pode parecer que basta uma agenda repleta de telefones e e-mails para se ter uma trajetória profissional de sucesso. Obviamente, tal pensamento é uma ilusão. Quando realizado de modo equivocado, o networking pode tornar o profissional malvisto. Isso acontece quando a pessoa se comporta de modo interesseiro, sem se preocupar com a outra parte. O problema é que muitos adeptos da prática agem assim. "A maioria das pessoas não executa esse tipo de atividade como um recurso estratégico para o desenvolvimento de suas carreiras. Elas só procuram as pessoas quando precisam", lamenta Gutemberg.

 

O consultor critica o modo como o assunto é tratado atualmente. "Dizem que fazer networking é ir a um coquetel e sair de lá cheio de cartões de visitas. No dia seguinte, a pessoa pega esses contatos e envia e-mails dizendo-se disposto a colaborar sempre que possível. Isso é péssimo, pois mesmo os mais educados apagarão o e-mail", assegura. Para ele, a prática deve ter como base a confiança, os relacionamentos e as oportunidades. A reunião desses elementos, claro, não acontece da noite para o dia. Assim, Gutemberg observa que a construção de uma boa rede de relacionamento consome tempo.

 

Renata concorda que as pessoas geralmente lembram do networking apenas quando precisam. "Isso é uma grande falha. É preciso que ele seja uma prática do dia-a-dia", diz. Ela observar que nos Estados Unidos, por exemplo, essa atividade é corriqueira e tratada com profissionalismo. Não ocorre apenas quando a pessoa se sente pressionada por algum problema.

 

Porém, caso um profissional seja demitido e não tenha cuidado anteriormente do seu networking, não haverá outro remédio a não ser recorrer a pessoas que o executivo não encontra nem tem notícias há tempos. Nessa situação, o primeiro passo é listar antigos colegas de trabalho e outras pessoas que se deseja contatar. Em seguida, uma boa idéia e anotar que tipo de relação havia com a pessoa e como é possível contatá-la sem parecer forçado. Com a lista pronta, é preciso fazer contatos individuais. Enviar mensagem em massa, por exemplo, é um erro. Para evitar situações como essa, o executivo precisa ser receptivo às pessoas enquanto está empregado. "É preciso ajudá-las, pois não se sabe o amanhã. Nada melhor do que ser bem recebido. Repasse informações aos colegas e combine almoços. Leia muito e esteja sempre bem-informado para poder ser útil", diz Renata.

 

Gutemberg considera o networking ultrapassado e prefere o chamado netweaving. Segundo ele, o termo é aplicado quando uma pessoa colabora com ou sem esperar nada em troca. "É um relacionamento do tipo ganha-ganha. O que se está fazendo hoje [networking] é perde-ganha", opina. Na opinião dele, um dos responsáveis por essa prática distorcida foi o livro "Como fazer amigos e influenciar pessoas". "Com o tempo, a prática decaiu para o que temos hoje, onde as pessoas são procuradas sem receber nada em troca", diz.

 

De acordo com Gutemberg, o networking, para ser válido, precisa ser ético e ser uma via de mão dupla. Ele destaca ainda que, em tempos de internet, é fácil enviar uma matéria que interesse ao outro. E continuam válidos os convites para almoços e para um jogo de golfe. Porém, é importante ter em mente que o networking - ou netweaving - é um processo que deve ser constante, não só quando se precisa. "Se a prática for apenas decorrente de um negócio, ela não é saudável", reforça. Ele explica que, quando a relação é baseada apenas em interesse por cargos, quando o executivo estiver em uma situação ruim, o auxílio dos supostos colegas pode sumir. "Se não criar uma rede de relacionamentos efetiva, ninguém vai ajudar num momento realmente difícil", completa.

 

Veículo: Gazeta Mercantil


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