A Páscoa chegou forte ao varejo. Com a data, uma 'guerra' de 45 dias está declarada nos 600 mil pontos-de-venda que comercializarão ovos de chocolate, que deverão faturar cerca de R$ 830 milhões, segundo expectativas da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab).
Um exército de 17,5 mil trabalhadores temporários foi contratado para seduzir o consumidor a escolher ao menos um dos 113 milhões ovos de chocolate produzidos para a data. De um lado, as marcas líderes apostam em promoções, brinquedos e vendedores nas lojas. Já as marcas de lojas de franquia visam em mix de produtos.
As duas gigantes do mercado -a Lacta e a Nestlé- terão como arma o sorteio de prêmios. A Lacta, uma das marcas da holding Kraft Foods, aposta na campanha "Páscoa de Ouro". A campanha, segundo o gerente de Marcas, Bruno Zanetti, é destinada aos adultos. "Será feita uma ação forte nos pontos-de-venda, aliada a campanhas publicitárias nacionais. Teremos 6,1 mil promotores para seduzir os consumidores. Foram 18 meses de planejamento, que nos devem garantir a liderança de 13 anos de mercado." Ele destaca que, ao todo, dos 39 produtos, 27 participam da promoção. "Serão R$ 500 mil em prêmios. Dentro dos ovos, serão colocados 3 mil vale-brindes que darão direito a prêmios instantâneos de R$ 100 a R$ 400. No final temos 50 cartões de crédito com R$ 1 mil de saldo e 10 prêmios de R$ 10 mil em barras de ouro. Já na linha infantil de ovos, apostamos em personagens e brinquedos exclusivos", explica.
A concorrente Nestlé, também aposta no ponto-de-venda e em sorteio de prêmios, como casa e viagens à fábrica da Nestlé, na Suíça. Além disso, a marca terá linhas de ovos de times de futebol, principalmente de cidade de São Paulo.
Com uma estrutura menor, a Village tem o objetivo de aumentar as vendas em 8%, segundo o gerente comercial, Reinaldo Bertagnon. "Os temporários chamarão o consumidor para degustar nossos produtos e conhecer a linha de brinquedos. Pelo sexto ano, temos o licenciamento dos produtos Warner Bros. Apostaremos nos ovos de Páscoa da linha Scooby Doo.".
Para públicos de menor poder aquisitivo, a marca aposta em ovos de 80 gramas, com preços menores de R$ 10. "Já estudamos nossas estratégias para o ano que vem. O mercado vai crescer. Segmentos como supermercados cresceram e isto nos favorece", afirma Bertagnon. Quanto a abertura de lojas próprias, o executivo disse que ainda não é o momento.
Marcas próprias
Na Cacau Show, uma das marcas mais otimistas, tanto que dobrou a produção, preparou suas 650 lojas para vender mais de 4 milhões de unidades. Somente para a campanha de marketing do período, a empresa resolveu dobrar a verba publicitária.
Segundo Steferson Soalheiro, gerente de Marketing, serão investidos R$ 3 milhões na divulgação. O presidente da empresa, Alexandre Tadeu da Costa, disse ao DCI, na semana passada, que o faturamento deste ano poderá chegar a R$ 270 milhões, ante R$ 165 milhões do ano passado, e acentuou que para as lojas serão contratados 2,5 mil empregados.
Na outra ponta, a expectativa de Deborah Navarro, diretora de Marketing da Kopenhagen, é de vender 13,6% acima do ano passado, ou cerca de 1,2 milhão de unidades. A campanha publicitária tem orçamento de R$ 400 mil. "Para enfrentar a concorrência, apostamos na fidelidade do público e em lançamentos como a junção dos nossos maiores sucessos em um único ovo. Para o público infantil trazemos ovos com cara de coelho recheados com brinquedos." Este ano, a franquia deve abrir 27 novas lojas em todo o País.
A Brasil Cacau, com 11 lojas, entra na briga pela primeira vez e tem a expectativa é vender 15 toneladas de chocolate este ano.
Mercado
A Abicab divulgou, ontem, que houve um aumento de 13% na produção de ovos de chocolate. Em relação a preços, o vice-presidente de Comunicação, Luis Felipe Rego, diz que o aumento deve ser torno de 8%. "O cacau é matéria-prima negociada em dólar nas bolsas do mundo; além disso, o açúcar subiu mais de 25% no mundo."
De acordo com Ubiracy Arnulfo da Fonseca, diretor comercial da chocolates Garoto (empresa pertencente à Nestlé), 90% do cacau é nacional. "A variação cambial, a demanda por cacau maior que produção e o fato de que países como Costa do Marfim, o maior produtor, tenham instabilidade política forçam o preço do produto", explica. "Contudo, o aumento será durante o ano inteiro, mas o impacto no varejo é pouco. Um produto que custa R$ 1 passará para R$ 1,10 e isto não tira o potencial de venda para o consumidor."
Veículo: DCI