O avanço, ainda que tímido, de projetos para a construção de novos trechos ferroviários e a confirmação da aquisição de novos equipamentos para o transporte de cargas sobre trilhos vem aquecendo o setor no País. Aliado a este cenário, o Plano de Aceleração do Crescimento (PAC) promete destinar mais de R$ 10 bilhões a projetos de mais de 5 mil quilômetros de trilhos, como o da Ferrovia Norte-Sul, o da Nova Transnordestina e a ampliação da Ferronorte - este último, orçado em R$ 700 milhões.
Ontem, mais um passo formal neste sentido foi dado, com a autorização dada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para os primeiros 13 quilômetros de um projeto desenvolvido pela América Latina Logística (ALL) que ainda depende da obtenção de financiamento.
Enquanto isso, Estrada de Ferro do Paraná Oeste (Ferroeste) anunciou ontem um incremento de 15,6% no volume de movimento de cargas no primeiro bimestre deste ano, mesmo em um período de turbulência econômica. Nos resultados consolidados de 2008, a estatal paranaense viu o volume crescer 20%, e, se levado em consideração o período 2006/2008, a variação positiva sobe para 37,8%. "A Ferroeste mostra que uma empresa pública pode ser mais eficiente que uma operadora ferroviária privada", alfinetou Samuel Gomes, presidente da ferrovia.
O executivo da estatal se orgulha de, desde que a operação foi retomada pelo governo, ter aumentado continuamente a produção, ressaltando o modelo de "cargas privadas em ferrovias e portos públicos", e alegando que a situação leva a ganhos tanto do setor privado como do Porto de Paranaguá, outra autarquia estadual paranaense. A companhia afirma que, por ser uma operadora pública, é capaz de "oferecer fretes mais baixos e subsidiados aos pequenos e médios produtores", conforme divulgou.
O levantamento bimestral da Ferroeste apontou que o volume movimentado entre janeiro e fevereiro de 2009 foi de 325 mil toneladas úteis (TUs) - medida usada para medir o fluxo de carga ferroviária. Esse total é maior do que as 281 mil TUs operadas no primeiro bimestre do ano passado, que também havia superado o mesmo período de 2007. A empresa ferroviária opera hoje o trecho entre as cidades de Cascavel e Guarapuava, no qual, em janeiro passado foram transportadas 145 mil TUs, o que representa uma variação 13,17% superior ao primeiro mês de 2009. Já em fevereiro passado, o saldo positivo foi de 17,66%, de cargas movimentadas a mais do que no mesmo mês do ao anterior.
Com capacidade para transportar 5 milhões de toneladas por ano e com uma demanda calculada para a área de influência de 20 milhões, entre os Estados de Paraná, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, mais o Paraguai, a Ferroeste tem prevista a sua expansão no PAC: a partir de 2010, está previsto o início das obras que ligarão Guarapuava a Paranaguá, onde está a Administração Portuária de Paranaguá e Antonina (Appa), expressivo complexo portuário.
Mês passado, a Ferroeste licitou a compra de 500 vagões. Disputaram Santa Fé, Randon e Amsted Maxion; esta última ficou à frente, vencendo a licitação pela menor oferta, de R$ 208,4 mil por unidade. Hoje, a frota da companhia tem 15 locomotivas e 60 vagões e avisa mais um processo para adquirir sete locomotivas.
Ferronorte
Com forte atuação também no Paraná, a ALL pôde ver ontem, publicada no Diário Oficial da União, a autorização de seu projeto para as obras de prolongamento da Ferronorte, um dos principais projetos tocados pela companhia, que deve ligar via ferrovia Alto Araguaia e Rondonópolis, no Mato Grosso. A publicação refere-se ao trecho entre os quilômetros 500 e 513.
Trata-se de apenas um passo formal rumo à execução do projeto da ALL, que hoje encontra-se em fase de discussão como o Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) para obtenção de financiamento. No processo estão envolvidos um grupo de investidores composto pela Constran Construções e Comércio, Fundo de Investimento do Fundo de Garantia do Tempo Serviço (FI - FGTS), da Caixa Econômica Federal, e o Fundo de Investimento em Participações (InfraBrasil), que aguarda a definição dos recursos, que deve ocorrer logo, para que se viabilize a obra até 2010.
Bernardo Hess, presidente da ALL, assinou um termo no ano passado pela concessão da Ferronorte por 25 anos, e construção do trecho ferroviário em questão - ao todo, serão mais de 250 quilômetros de extensão. "A construção do trecho elimina a ponta rodoviária e garantirá economia ao cliente", disse Hess, na época.
Veículo: DCI