A Lacta, empresa do grupo Kraft, líder em vendas de ovos de Páscoa no Brasil há 12 anos, ampliou investimentos para este ano e manteve contratações, apesar da crise, para expandir a participação e liderança no mercado, a partir das vendas nesta Páscoa. A empresa, porém, não estimou de quanto seria o crescimento. Em 2008, em termos de valor de vendas, 36% do mercado brasileiro foi ocupado pela Lacta durante a Páscoa. A Nestlé, segunda colocada, ficou com 14 pontos percentuais a menos, atingindo 22%. Das seis marcas mais vendidas, cinco foram da Lacta.
Para este ano, de acordo com o diretor de Chocolates da Kraft Foods do Brasil, Eduardo Nigro, o objetivo consolidar a posição por conta de três fatores principais: marcas muito fortes, foco em inovação de produtos e trabalho nos pontos de vendas. Para este ano, foram produzidos 21 milhões de ovos, número similar ao do ano precedente. Para tanto, foram realizadas 1.050 contratações. Além disso, a companhia contratou 6,1 mil vendedores para o período de Páscoa, frente números de 5,7 mil em 2008 e 5 mil em 2007.
Segundo Nigro, a Lacta não teve que mudar a estratégia por causa da crise. "Nosso planejamento para a Páscoa começou há 18 meses e a produção teve início há seis meses. A crise veio somente depois, ou seja, nossas operações atuais não refletem os efeitos da crise", afirmou.
Qualidade e preço. Segundo o executivo, a empresa deparou-se com duas opções para este ano: reduzir a qualidade dos produtos e diminuir os preços; ou investir em qualidade e manter a estratégia dos outros anos. "Resolvemos apostar no fato de que as pessoas valorizarão seu dinheiro e comprarão as melhores marcas", afirmou.
Para ele, o consumidor será mais seletivo neste ano, o que cria vantagem interessante para a empresa. "Independentemente da crise, estamos pensando em agregar valor", disse. Em sua opinião, as marcas mais conhecidas são as que resistem melhor aos tempos de atribulações econômicas, já que os consumidores preferem comprar os produtos que já conhecem.
Ele admitiu que haverá aumento de preço, reflexo da elevação nos gastos com insumos. A estimativa da Associação Brasileira da Indústria de Chocolates, Cacau, Amendoim, Balas e Derivados (Abicab) é de que haja crescimento de aproximadamente 8%.
Fabio Acerbi, diretor de assuntos corporativos da empresa, lembrou, entretanto, que alguns insumos foram comprados há 12 meses, o que torna difícil prever sua influência no preço final.
Presentes. Segundo Nigro, o hábito de presentear com ovos de chocolate na Páscoa já está arraigado à cultura brasileira para sofrer com a crise, sobretudo no tocante aos ovos maiores e, portanto, mas caros. "Nunca vi, na América Latina, entusiasmo tão grande com essa data como no Brasil. Não acredito que esse hábito venha a mudar de modo significativo", afirmou. O aumento de investimentos neste ano foi direcionado para lançamentos (são quatro novos produtos), brinquedos mais interativos - que acompanham os ovos - e foco em adulto.
Segundo Nigro, havia percepção de que estes consumidores estavam ignorados, o que levou a Lacta a criar estratégias para atraí-los. Uma delas é a promoção que destina a adultos 3 mil cupons, encontrados dentro de alguns ovos, com prêmios de até R$ 400. "Queremos resgatar a tradição de caça aos ovos", afirmou.
São 39 ovos diferentes para este ano, com preços que variam de R$ 5,50 a R$ 54,99. Nigro disse que, tradicionalmente, a empresa procura trabalhar com portfólio abrangente. O objetivo, segundo ele, é atingir idades e faixas de renda distintas, sobretudo em momento em que as classes mais baixas começam a ter mais acesso a esses produtos.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ