O vice-presidente comercial e operacional do Pão de Açúcar, José Roberto Tambasco, afirmou ontem que o grupo está monitorando desde setembro de 2008 o fluxo de clientes nas lojas e que até agora nenhuma alteração foi percebida. "De fato, há pouca alteração no consumo do varejo de alimentos, higiene e limpeza. Em não alimentos, a compra mantém-se, mas com mais cautela", afirmou, em teleconferência com analistas.
O executivo disse que a companhia vem apresentando crescimento no fluxo de clientes e no tíquete médio. No caso das operações de bazar (utilidades domésticas), têxtil, drogarias e postos de combustíveis, ele salientou que o crescimento se mantém expressivo. "Estamos tendo no início do ano performance acima das expectativas. Não tivemos impacto significativo da crise nas vendas", destacou, sem citar porcentuais.
Na avaliação do presidente do Conselho de Administração do Pão de Açúcar, Abílio Diniz, a companhia pode ganhar participação de mercado sobre redes menores de supermercados, que estão mais fragilizados com a crise. "O momento é difícil, mas o varejo não vive crise generalizada", afirmou. Segundo Diniz, o aumento da renda, a ascensão das classes C e D ao consumo e a baixa inflação vão garantir a manutenção do consumo nos supermercados.
Inflação e renda. O Brasil tem capacidade para fazer frente à crise da economia mundial porque a baixa inflação e a alta da renda per capita dos últimos anos tiveram efeito positivo sobre o consumo, disse Diniz.
"A inflação está muito baixa, o que permite que as pessoas mantenham seu consumo normal", disse Diniz.
Tambasco destacou o crescimento das vendas nas regiões Centro-Oeste e Nordeste, principalmente da última. "Tivemos reversão nas vendas no último trimestre do ano passado no Nordeste, que passaram a ficar em linha com o desempenho do restante do grupo, e se mantém neste início do ano", afirmou.
A empresa informou que vai concentrar os gastos em sua rede de varejo a granel Assai e nas lojas de produtos eletrônicos Extra Fácil. Caio Mattar, vice-presidente de expansão da rede, afirmou que empresa comprou 60% do Assai em novembro de 2007 e duplicou para 28 o número de suas lojas até o fim de 2008.
O Pão de Açúcar está avaliando várias empresas com vistas a aquisição, entre as quais postos de gasolina e drogarias, em momento em que varejistas de menor porte enfrentam as dificuldades impostas pela crise do crédito, disse o diretor financeiro da rede, Enéas Pestana. Os planos de expansão do Pão de Açúcar vão se concentrar no Nordeste do Brasil, disse ele.
O Pão de Açúcar não precisará levantar mais recursos para uma expansão, uma vez que dispõe de 1,7 bilhão de reais em dinheiro em caixa, disse Pestana. Seu endividamento líquido é de 0,6 vez os lucros antes de juros, amortização, depreciação e impostos (rubrica contábil conhecida como Ebitda, pelas iniciais em inglês).
"Começamos cedo nosso dever de casa", disse Pestana. No início de 2008, "nossa primeira providência foi reforçar nossa estrutura de capital", acrescentou o executivo.
Veículo: Jornal do Commercio - RJ