O prestígio da Sony, construído nas décadas de 70 e 80, antes da era digital, continua elevado entre os consumidores on-line brasileiros mesmo com o agressivo avanço de marcas mais jovens de tecnologia, como as coreanas Samsung e LG e a americana Apple. A marca japonesa consagrou-se com o toca-fita Walkman. Lançado em 1979, o aparelho introduziu o conceito de portabilidade no mundo. Na era da internet, porém, a Sony perdeu a corrida para Apple, que lançou o iPod, o tocador de MP3, em 2001 e roubou a cena da mobilidade.
Em contrapartida, a Sony conseguiu lançar outros sucessos de vendas, como o notebook Vaio, e consolidou sua marca no mundo da imagem em alta-definição com o desenvolvimento de tecnologias inovadoras, como o Blu-ray, nova geração de DVDs, e os televisores ultra-finos OLED, os sucessores do LCD - os aparelhos só foram lançados nos Estados Unidos e não devem chegar tão cedo ao Brasil.
Mesmo no segmento de MP3 e MP4, a Sony não desistiu da disputa e está encostada com a Apple entre as marcas mais lembradas pelos e-consumidores no Brasil. De acordo com uma pesquisa feita pelo Instituto Análise e o e-bit, consultoria especializada em comércio eletrônico, o mesmo percentual de entrevistados - 21% - disseram que Apple e a Sony eram as primeiras marcas de tocadores digitais que lhes vinham à cabeça.
Mas a Sony levou vantagem na intenção de compra: 16% do consumidores on-line responderam que pretendiam adquirir um MP3 ou MP4 da marca, mais que os 10% da Apple.
Desde o boom da internet, em 2002, a Sony começou a dedicar mundialmente uma atenção especial à nova geração de consumidores on-line para perpetuar a sua marca. "Desde o ano passado, decidimos destinar à internet 10% de nossa verba de mídia no Brasil, um percentual bem superior à média do mercado", afirma Lucio Pereira, gerente de comunicação e propaganda do grupo japonês no Brasil. A propaganda on-line ainda é desprezada pelos anunciantes no país, que destinam só 2,5% dos investimentos ao meio eletrônico.
Segundo Pereira, o reconhecimento da marca pelos consumidores virtuais brasileiros é fruto dessa estratégia de marketing, em que a internet vem ganhando um peso cada vez maior. Diferentemente de seus concorrentes, a multinacional japonesa possui seu próprio braço de produção de filmes e música, a Sony Pictures, o que permite construir uma conexão com o público mais sólida, avalia o gerente da empresa.
Para José Roberto Martins, da Global Brands, firma de consultoria especializada em marcas, a Sony conseguiu manter o seu lugar no olimpo das marcas ao longo das últimas década, posto que outras empresas de tecnologia ainda não atingiram, com exceção da Apple . "A Sony é a Coca-Cola dos eletrônicos", diz o consultor, para quem também estão no olimpo marcas como a Nike, Rolls Royce e Honda. O valor de uma marca - ou o "brand equity" - é a soma de vários ativos. "No caso da Sony, ser japonesa é um desses ativos. Esse é um atributo reconhecido pelos consumidores", afirma Martins.
Em dois produtos a Sony obteve uma pontuação expressiva entre os consumidores on-line. Segundo a pesquisa do Instituto Análise e e-bit, a marca japonesa foi a mais lembrada em câmeras digitais por 56% dos entrevistas e ficou em primeiro lugar também em home theaters, com 34% das respostas. Em notebooks, a Sony recebeu 16% das citações e ficou em segundo lugar, atrás da Dell, com 22%. Em TVs de LCD, a Philips e a LG dividiram o primeiro lugar - ambas são as mais lembradas por 23% dos e-consumidores. Mas a Sony veio logo atrás, com 21% das respostas.
Veículo: Valor Econômico