O segmento de papelaria pleiteia, junto ao poder público, a implementação do Cartão Material Escolar (CME). Vigente em alguns estados, a medida ajudaria os micro e pequenos empresários a melhorar as vendas que estão em queda há três meses.
"Toda a lubrificação ao setor é bem vinda, ainda mais com a retração nas vendas que tem acontecido há três meses", afirmou ao DCI o presidente do Sindicato das Papelarias de São Paulo e Região, Antonio Nogueira.
Proprietário da papelaria São Miguel, no Centro de São Paulo, ele diz que serão confirmados, na próxima semana, os 11 municípios do interior que receberão o cartão ao invés do kit material cedido pelas escolas estaduais. A iniciativa conta com o apoio da Secretaria de Educação e do Governo da capital.
Atualmente, o CME está em fase piloto em oito municípios de São Paulo: Agudos, Salto, Capivari, Boracéia, Bariri, Fernandópolis, Cosmópolis, Cabreúva.
"Com o cartão, ao invés de os pais receberem o kit, que muitas vezes não tem qualidade, vão ter um cartão com valor estipulado que poderá ser usado nos estabelecimentos que tenham a máquina como opção de pagamento".
A opinião de que o cartão traria um alento ao setor é compartilhada pelo presidente da Associação Brasileira dos Fabricantes e Importadores de Artigos Escolares e de Escritório (ABFIAE), Rubens Passos. Segundo o executivo, as empresas sofrem com a grande concorrência já que, só em São Paulo, são mais de cinco mil papelarias, somando 100 mil no Brasil.
Segundo a ABFIAE o uso da cartão elevará, inclusive, a qualidade dos materiais usados. "O cartão permite ao consumidor comprar produtos de melhor qualidade e deixar de se enquadrar na parcela de baixa renda", explicou Passos.
Isso fomentaria a economia local e ainda ajudaria o governo e minimizar as fraudes em licitações. "Sabemos que muitas licitações são fraudulentas e com o cartão o beneficio seria duplo: indústria e varejo", completou executivo.
Pelo Brasil, o Distrito Federal, Minas Gerais e -mais recente - o Maranhão passaram a usar o cartão, mas isso ainda está longe de ser aplicado em escala nacional. "Nos chamam de 'pátria educadora' e, desde 2009, o Projeto de Lei 6705, que prevê a isenção de PIS, Cofins e IPI para material escolar está barrado na Câmara. Então é de se esperar que seja lenta a implementação do CME", explicou Passos. O executivo ressaltou ainda que a renúncia fiscal seria pequena. "Seria R$ 500 milhões, bem menos que o montantes envolvidos nos escândalos atuais", ironizou.
Ano complicado
Para este ano - assim como o presidente do sindicato das papelarias de São Paulo - Passos não arrisca previsões otimistas. "Se a gente empatar em volume com o ano passado, ficaremos felizes. Mas existe a possibilidade de isso não acontecer", disse.
Em função da queda nas vendas no acumulado do ano, ressalta Nogueira, os últimos 60 dias de 2015 não serão o bastante para reverter o quadro. "Será um ano de queda nas vendas".
Mesmo sem saber o quanto o cartão ajudaria a alavancar as vendas no comércio de papelarias, a estimativa feita é que, ao ano, 10 novos municípios de São Paulo façam adesão ao projeto, explicou o superintendente Institucional da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Natanael Miranda dos Anjos. "A nossa meta é alcançar 10% dos Municípios a partir dos projetos pilotos", explicou o executivo ao DCI.
Driblando a crise
Mesmo o Black Friday não sendo um dia que incremente as vendas de artigos de papelaria, há quem aposte na data para mostrar que chegou para ficar no Brasil.
"Vamos aproveitar o Black Friday para colocar artigos de material escolar em promoção. Podemos até criar kits de produtos de marcas conhecidas e os de marca própria. No ano passado isso foi feito para o mercado B2B e deu muito certo", antecipou ao DCI o supervisor de marketing da Staples, Rafael Seferian.
A iniciativa também poderá ser ampliada na primeira loja da marca que abre as portas dia 6 de novembro, na Avenida Paulista, em São Paulo (SP). "Já estamos pensando em como inserir a nossa loja nessa iniciativa. A operação brasileira vem com o conceito de ommnichanel e será uma boa forma de explorar isso" disse.
Mesmo o segmento de papelarias sendo pequeno na operação - o foco maior está em itens de escritório e informática - a Staples entende o potencial desse nicho e fará esforços para ampliar essa participação. "Podemos aproveitar a sazonalidade do volta às aulas para turbinar as vendas já que esse período é o pior para vendas de itens de escritórios", explicou Seferian.
Veículo: Jornal DCI