Mas alguns segmentos têm se surpreendido, pedidos dos setores calçadista e de vestuário cresceram em outubro.
A queda das expectativas do setor produtivo mineiro em relação ao Natal, em função da crise econômica que atinge o País, vem se comprovando com a queda no volume produzido pelas indústrias: bem menor do que o normal esperado para o período. Com isso, alguns segmentos têm se surpreendido com o aumento dos pedidos, que em alguns casos, como na indústria calçadista e de vestuário, cresceram bastante neste mês.
De acordo com o presidente do Sindicato Intermunicipal das Indústrias de Calçados de Nova Serrana (Sindinova), Pedro Gomes, no polo calçadista da cidade, do qual fazem parte cerca de 687 empresas, é fato que este deverá ser um dos piores natais dos últimos 20 anos. Exatamente em função da baixa expectativa, o dirigente disse estar surpreso com o aumento das encomendas em outubro.
"A gente acreditava que seria realmente mais difícil. Mas, mesmo com a queda nos pedidos em relação aos anos anteriores, houve uma procura maior em outubro, cerca de 30% acima de setembro. Mas também a margem comparativa foi muito baixa", destacou Gomes.
Diante disso, o empresário já até considera a possibilidade de os resultados do Natal de 2015 virem a se equiparar aos de 2014. "Mas temos que levar em conta que o faturamento ser igual não significa aumento de ganho. Pelo contrário, porque tivemos elevação dos gastos com a alta da inflação e dos impostos", destacou.
Além do mais, não houve contratações de temporários para o período de fim de ano. "No momento estamos estáveis. Já fizemos demissões e também foram feitas contratações. Hoje o polo conta com 20 mil trabalhadores diretos", disse.
Jacutinga - Para o presidente da Associação Comercial e Industrial de Santa Rita de Jacutinga (Acija), Denis Bandeira, o setor de malharia também passa por um momento interessante. Embora o mercado interno esteja desaquecido, e as pessoas estejam cautelosas em relação ao consumo, este ano o polo fabricante de malhas e tricô no Sul de Minas deve ter um Natal um pouco melhor do que 2014.
"Isso acontecerá em função da queda das importações e do aumento das exportações. Aumentamos os ganhos vendendo para fora e tivemos menos perdas com a concorrência externa em função do dólar mais alto", disse.
Mesmo assim, o dirigente ressalta que o momento é "difícil" e não haverá crescimento em 2015. "Estamos otimistas que a partir de 2016 ocorra uma melhora e aí sim voltaremos a ter lucro", salientou Bandeira.
O aumento das exportações e também a entrada do setor na mercado de verão - antes o polo de Santa Rita fabricava apenas coleções de inverno -, fizeram com que houvesse um acrescimento de 20% no número de contratações em relação ao ano passado. "Seria ótimo comemorarmos este feito. No entanto, apenas estamos absorvendo parte da mão de obra que foi dispensada com o fechamento de duas empresas do setor automotivo na cidade", lamentou.
Pesquisa - Por outro lado, segundo dados da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), em outubro, houve queda de 1,8% no índice de consumo no País em relação a setembro: é a menor pontuação da série histórica, de acordo com a CNC. E, com o agravamento da crise econômica, o aumento do desemprego e queda do poder de compra da população, vem crescendo o índice de inadimplência do consumidor.
Uma pesquisa do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) junto às câmaras de dirigentes logistas (CDLs) de Minas Gerais mostrou que em setembro, o número de dívidas em atraso apresentou crescimento de 6,24% na comparação com o mesmo mês do ano anterior (5,99%). O pior resultado dos últimos três anos.
"Só não está ainda pior porque os consumidores estão comprando menos e com isso, as dívidas também diminuem. Não gostaria de jogar um balde de água fria nos comerciantes, mas tudo indica que, diante da atual situação do País, teremos o pior Natal da última década", disse, recentemente o presidente da CDL/BH, Bruno Falci.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG