Produto em fase de testes pode ser utilizado como substituto do azeite de oliva.
A Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais (Epamig) está desenvolvendo um projeto para avaliar a viabilidade da produção de óleo de abacate no Estado. O produto pode ser promissor, uma vez que é substituto do azeite de oliva e também pode ser utilizado como item no azeite composto, que tem importante nicho de mercado.
De acordo com o pesquisador da Epamig Adelson Francisco de Oliveira, os estudos ainda estão em andamento, mas as expectativas são positivas. Por ser uma fruta amplamente cultivada no País, a possibilidade de processamento e agregação de valor são atrativos para os produtores.
"A agroindústria do óleo de abacate apresenta boas perspectivas no Brasil, em função do fruto de algumas variedades apresentarem quantidades consideráveis de lipídios, dispor de matéria-prima durante todo o ano, e também para sua extração serem utilizados os mesmos equipamentos utilizados para o azeite de oliva. Além disso, as safras de ambas cultura ocorrem em épocas diferentes do ano", avaliou.
A introdução do óleo de abacate puro, extravirgem, no mercado é um importante forma de agregação de valor, principalmente pelas características de qualidade próximas às do azeite de oliva. Caso ocorra aprovação dos consumidores em relação ao produto, o azeite de abacate poderá atender parte da demanda do mercado do azeite de oliva, que é amplamente importado.
Outra forma de aplicar o óleo de abacate é na fabricação de azeite composto, que normalmente é fabricado com a mistura do óleo de soja e do azeite de oliva, e tem preços mais acessíveis no mercado, atendendo a demanda da população que tem menor poder aquisitivo.
"Estamos desenvolvendo pesquisas para avaliar como o produto poderá ser utilizado na obtenção do composto, óleo de abacate e azeite de oliva, em substituição às misturas realizadas com outros óleos vegetais, especialmente o óleo de soja, existindo um nicho de mercado importante, de consumidores deste produto, de menor custo", ressaltou.
Qualidade - Ainda segundo Oliveira, o azeite composto é fabricado, geralmente, com o uso de 80% do óleo de soja e 20% de azeite de oliva. A proposta é substituir o óleo de soja pelo de abacate, que tem qualidade superior. "A capacidade de produção desse óleo é muito grande porque é uma fruta que temos em abundância. Estamos estudando os percentuais para formar uma mescla ideal, que atenda ao paladar do consumidor. Esta mistura será de melhor qualidade, em decorrência das características do óleo de abacate. Existe um mercado importante do produto".
Para a produção do óleo de abacate, a Epamig vem testando o sistema de centrifugação, o mesmo utilizado no processamento do azeite de oliva, no Campo Experimental da Empresa em Maria da Fé, no Sul de Minas Gerais.
O processo é avaliado como um importante forma de agregar valor à produção do abacate, reduzindo as perdas e diversificando o mercado, que normalmente é voltado para a comercialização do produto in natura.
"A fruta de abacate tem período de validade curto e a melhor forma de armazenar é mantê-la no pé, o máximo de tempo possível. Alguns dias depois de colhido, ao madurar, deve ser consumido. Em anos de supersafra quando os preços da fruta in natura despencam, devido à grande oferta, as vezes não compensa a colheita e a única forma de aproveitá-lo seria agregar valor ao produto, ou extraindo o óleo. Dessa forma, pode ser armazenado por um período maior - em torno de um ano - ou transformando em polpa da fruta, que também pode ser armazenado por um período mais longo", acrescentou Oliveira.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG
