Grendene vê mais estabilidade no mercado interno neste ano

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Depois do tombo das vendas domésticas no último trimestre de 2008, que puxou para baixo o resultado acumulado no ano, a Grendene espera um cenário de maior estabilidade no mercado interno para o setor calçadista em 2009. Nas exportações o quadro também é mais favorável devido aos ganhos de competitividade para os produtos brasileiros a partir da desvalorização do real e da valorização do yuan, o que atrapalha as vendas dos calçados chineses no mercado internacional, disse ontem o diretor de relações com investidores da empresa, Francisco Olinto Schmitt.

 

"A expectativa é que [o mercado interno] não seja menor, mas isso vai depender da duração da crise e do comportamento do desemprego", explicou o executivo. No quarto trimestre de 2008 as vendas da Grendene no país recuaram 23% em volume sobre igual período de 2007, para 29,2 milhões de pares, e provocaram uma queda acumulada de 6,6% no ano, para 98,6 milhões de pares, o equivalente a pouco mais de dois terços do volume total comercializado. Em receita bruta, o recuo no mercado doméstico foi de 21,2%, para R$ 353 milhões, e de 3,6%, para R$ 1,220 bilhão, respectivamente. 

 

Segundo Schmitt, a queda foi provocada mais pela escassez de crédito para os lojistas, que reagiram com cautela, compraram pouco e reduziram seus estoques, do que pela retração dos consumidores. "Tanto que houve falta de produtos em alguns pontos no período do Natal e agora o varejo está fazendo as reposições", comentou. De acordo com ele, o primeiro trimestre não registra nenhuma "anormalidade" que contrarie as expectativas para 2009. 

 

O executivo não fez projeções de desempenho para 2009 porque a empresa decidiu substituir a divulgação de previsões válidas para os dois trimestres seguintes pelas metas para os próximos cinco anos. Conforme Schmitt, a política anterior permitiu ao mercado conhecer melhor a Grendene nos quatro anos após a abertura de capital, mas agora o novo sistema reflete as preocupações da administração com o desempenho de longo prazo. De 2009 a 2013, a companhia prevê expansões a uma taxa composta média de 8% a 12% para a receita bruta e de 12% a 15% para o lucro líquido, além de investimentos em propaganda equivalentes a 8% a 10% da receita líquida. 

 

No exterior, as vendas cresceram 92,1% no quarto trimestre de 2008, para R$ 146,9 milhões, graças aos aumentos de 2,4% nos volumes, para 13,3 milhões de pares, e de 87,8% no preço médio dos produtos em reais, para R$ 11,06 o par, em função da variação cambial e da alta de 47,3% no valor em dólares. Mesmo assim, os produtos exportados ainda ficaram 8,6% mais baratos do que os vendidos no Brasil, mas com o novo patamar cambial a empresa pretende crescer "mais intensamente" no mercado externo nos próximos anos. 

 

No total, as vendas da Grendene caíram 16,5% no quarto trimestre, para 42,5 milhões de pares, e cresceram 0,6% no ano, para 146,4 milhões de pares. Já a receita bruta consolidada recuou 4,6% nos três últimos meses do exercício, para R$ 499,9 milhões, mas avançou 4% no acumulado do ano, para R$ 1,576 bilhão, enquanto a receita líquida teve baixa de 3,2%, para R$ 427,7 milhões, e alta também de 4%, para R$ 1,324 bilhão, respectivamente. Os números foram apurados conforme a lei 11.638. 

 

A margem bruta recuou 1,3 ponto no trimestre, para 48,4%, e um ponto no ano, para 45,2%. Já o resultado financeiro líquido, impactado pelo efeito da variação cambial sobre dívidas e operações com derivativos, fechou negativo em R$ 5,4 milhões no trimestre, ante R$ 2,3 milhões negativos no mesmo período de 2008, e recuou de 25,3 milhões para R$ 9,5 milhões no acumulado dos dois exercícios, e também contribuiu para o recuo do lucro líquido consolidado. O resultado ficou em R$ 84,1 milhões no trimestre (queda de 16,5%) e em R$ 243,2 milhões no ano (com baixa de 8,4%). 

 

Veículo: Valor Econômico


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