O número de brasileiros que vão usar a primeira parcela do 13º salário para pagar dívidas saltou de 28,9% em 2014 para 41,2% este ano. Já o número dos que pretendem poupar o abono subiu de 20% para 29,4%. Os dados são de uma pesquisa da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), encomendada ao Instituto Ipsos.
"O varejo vai enfrentar um consumidor extremamente cauteloso e disposto a pagar o que deve e poupar, ao invés de comprar", diz, em nota, o presidente da ACSP e da Federação das Associações Comerciais do Estado de São Paulo (Facesp), Alencar Burti.
Segundo a pesquisa, os 29,4% dos brasileiros que pouparão a primeira parcela do 13º devem usar o dinheiro para pagar despesas comuns no início do ano, como IPVA, IPTU e matrículas escolares.
O levantamento mostra ainda que 8,8% dos brasileiros devem usar o benefício para comprar presentes, ante 20% em 2014. Também vai diminuir o número dos que vão viajar (5,9% este ano, contra 8,9% em 2014) e dos que pretendem reformar a casa (2,9% ante 4,4%).
"O cenário é de um consumidor mais cauteloso, mais inseguro no emprego e com uma situação financeira ruim, o que se reflete na intenção de comprar e viajar", avalia Burti.
O levantamento foi realizado em todo o País entre os dias 15 e 29 de outubro. A pesquisa foi feita com base em 1,2 mil entrevistas domiciliares e os consumidores puderam escolher mais de uma resposta.
Inadimplência - Já a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), produzida mensalmente pela Federação do Comércio de Bens de São Paulo (Fecomrcio-SP), indicou em outubro que 18% das famílias paulistanas estavam inadimplentes, uma alta puxada pelas fatia de baixa renda (renda inferior a 10 salários mínimos). O índice representa a terceira alta seguida no ano e o maior valor desde julho de 2013.
A pesquisa foi feita com 2,2 mil pessoas na cidade de São Paulo e também aponta que 52,4% das famílias paulistanas possuem alguma dívida. Apesar do recuo em relação ao mês anterior, onde 54,7% das famílias estavam endividadas, a comparação com outubro de 2014 é preocupante: o total chegou a 1,88 milhão de pessoas, alta de 7,1%.
Entre a população de baixa renda, 57,5% das famílias possuem algum tipo de contas a pagar. Para o assessor econômico da entidade Vitor França, o aumento do número de endividados nesta faixa de renda apresenta um primeiro estágio da contração do consumo. "As famílias foram até onde podiam ir, já queimaram as reservas que elas tinham, e elas estão sofrendo muito com a alta dos preços, e também com o aumento rápido do desemprego", pondera.
Entre as famílias de renda elevada (acima de 10 salários mínimos), o aumento foi sentido pela pesquisa, que considerou o crescimento "dentro de uma oscilação".
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG