Possibilidade de redução de 50% nos repasses ao programa de medicamento popular pode atingir empresas menores e já leva algumas redes a buscar alternativas para fidelizar clientes.
A possibilidade de redução de 50% no orçamento destinado ao Programa Farmácia Popular em 2016, que engloba o projeto Aqui tem Farmácia Popular (onde o setor privado de farmácias tem participação), faz com que os players do setor busquem soluções para atrair o cliente mesmo sem o apelo do incentivo do programa.
De cartões de descontos até o não repasse da alta do dólar aos medicamentos, vale de tudo para que o setor mantenha ritmo de avanço mesmo com cortes do governo. "Eu acredito que 2016 será o melhor ano para o setor", disse ao DCI o presidente da rede Pague Menos, Deusmar Queiroz. Ele afirmou que a crise passa longe das lojas e projeta fechar o ano com faturamento a cima de R$ 5 bilhões. "Temos o cartão fidelidade, fechamos parcerias com a indústria e mesmo com a alta do dólar, não repassamos ao consumidor", disse.
Na opinião de Queiroz será pouco provável que o governo acabe totalmente com o programa, e que esse corte está restrito aos medicamentos de co-pagamento, aqueles com valor dividido entre o estado e o cliente. "A Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) esteve em Brasília e foi garantido que o projeto será mantido", disse.
Em nota oficial o Ministério da Saúde afirmou que o "programa segue funcionando normalmente, tendo garantido orçamento para este ano na ordem de R$ 2,8 bilhões".
Ainda segundo o Ministério, o orçamento para o programa - divido em gratuidade e co-pagamento - visa manter o caráter distribuitivo dos medicamento. "Com isso, ficam mantidos os 14 medicamentos para tratamento de hipertensão, diabetes e asma, cuja oferta é gratuita ao cidadão que respondem por mais de 85% dos pacientes atendidos mensalmente pelo Programa", diz.
O ministério se posicionou ainda, no sentido de " informar que todos os medicamentos cofinanciados ofertados como parte do programa integram a Relação Nacional de Medicamentos (RENAME) devem ser ofertados na rede pública de saúde, independente da disponibilização no Programa Farmácia Popular".
Danos colaterais
Na opinião do assessor econômico da Associação Brasileira do Comércio Farmacêutico (ABC Farma), Geraldo Monteiro, além de prejudicar as farmácias independentes - que não têm o mesmo volume de vendas das grandes redes e nem conseguem negociar preços melhores nos medicamentos -, a população de menor renda será a mais afetada caso o corte seja aprovado no ano que vem. "Essa parcela da sociedade, que faz uso contínuo de medicamentos, será a mais afetada, pois não terá condição de manter o tratamento", afirmou Monteiro.
Ainda segundo o especialista no setor, por mais que o governo tente cortar custo, é o Sistema Único de Saúde (SUS) que ficará ainda mais sobrecarregado. "Eles vão gastar mais com atendimento, já que existe a possibilidade de muitos parar de tomar medicação e precisar de atendimento emergencial", enfatizou ele.
Tanto o porta-voz da ABC Farma - Geraldo Monteiro -, quanto o presidente da Pague Menos, Deusmar Queiroz, descartaram a possibilidade do encerramento do Programa Farmácia Popular. "Se isso acontecer o governo federal vai ver o que é manifestação", enfatizou Queiroz.
O Ministério da Saúde, no entanto, garantiu a continuidade do ação. "É importante ressaltar que não há nenhuma proposta do governo federal no sentido de acabar com o Programa Farmácia Popular", finalizava a nota ao DCI.
Veículo: Jornal DCI