Crise econômica no País, inflação e juros elevados, instabilidade política e aumentos nos níveis de desemprego. Todos esses fatores derrubam a confiança do consumidor, que, com medo do que vem pela frente, passa a gastar menos. Porém, quando chega o fim do ano, o clima natalino toma conta das famílias, que, mesmo com o pé no freio em relação aos gastos, querem entrar na onda e seguir a tradição.
Se você, leitor, está passando por um momento de corte no orçamento doméstico, fique tranquilo: é possível enfeitar a casa gastando pouco. A equipe do Diário visitou vários pontos de comércio de rua da região e constatou que é possível decorar a casa por até R$ 100. Com esse valor, dá para comprar uma árvore artificial de 90 centímetros (R$ 21), uma caixa de pisca com 100 lâmpadas (por R$ 13) e uma cortina com 100 lâmpadas para colocar na janela (R$ 24,99), além de um kit de enfeites vendido a R$ 39,99 em uma grande rede varejista e é composto por oito bolas de seis centímetros de diâmetro e outras 12 com três centímetros; oito estrelas com quatro centímetros; uma ponteira para árvore em formato de estrela e uma guirlanda.
Se os R$ 100 ainda ficarem pesados, sem problemas. Vendedora de uma loja na Rua Marechal Deodoro, em São Bernardo, Lorraine Passiello, 24 anos, afirma que no estabelecimento, localizado próximo à Praça Lauro Gomes, as árvores partem de R$ 6. Já os pacotes com bolas custam a partir de R$ 3, enquanto os piscas mais baratos saem por R$ 6. Os preços unitários de enfeites, como laços, são de, no mínimo, R$ 1,50. “Neste ano, o pessoal está pesquisando mais antes de comprar. Em épocas de economia aquecida, a tendência é de que alguns acabem comprando no embalo, sem fazer tantas comparações em outros locais”, comenta.
Gerente de outra loja no Centro de São Bernardo, Maiara Nascimento, 35, reclama que as vendas ainda estão fracas em 2015. “Iniciamos mais cedo a venda dos produtos de Natal para ver se conseguimos melhor resultado. Antes, começávamos em novembro, mas neste ano tivemos que trazer para outubro.” Mesmo assim, ela avalia que muitos dos moradores da região não deixarão de manter a tradição de enfeitar a casa. “O pessoal se aperta um pouco, mas acaba comprando”, diz.
Outra estratégia para gastar menos é reaproveitar a decoração de Natais passados. “Lá em casa a gente acaba reutilizando alguns itens, mas, como gostamos muito desta época, procuramos renovar o máximo que dá”, afirma o analista de TI (Tecnologia da Informação) Alexandre Ferraz, 45. Por outro lado, ele critica as opções oferecidas pelo comércio do Grande ABC. “Muitas vezes, o pessoal daqui acaba tendo que ir fazer as compras em São Paulo por não achar tudo o que procura por aqui”, lamenta.
Já o empresário Vainer Gonzales, 33, lamenta que não irá conseguir reaproveitar os artigos natalinos em 2015. “Como mudei de casa neste ano, vou ter que comprar tudo de novo. Mas, mesmo assim, vamos manter a tradição.”
Para quem não foi afetado pela crise e não quer abrir mão de fazer uma decoração luxuosa, também há grande variedade de produtos na região. Em uma loja localizada no bairro Jardim, área nobre de Santo André, a árvore artificial mais cara custa R$ 1.100 e tem 2,10 metros de altura. Já os piscas chegam a R$ 70, enquanto os enfeites atingem R$ 380. O gerente do estabelecimento, Alex Marques Luiz, 34, avalia que o momento delicado da economia do Brasil ainda não afetou os negócios por lá. “Praticamente 70% do nosso faturamento já é resultado da venda de itens natalinos”, revela. Luiz considera que, para enfeitar de maneira satisfatória, é preciso desembolsar algo em torno de R$ 300.
E se o objetivo for deixar a casa bonita sem ter muito impacto na conta de luz, a solução é optar pelos piscas de LED (que consomem menos), encontrados a partir de R$ 13 (pacote com 100 lâmpadas).
Veículo: Jornal Diário do Grande ABC