Apesar do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ter divulgado uma queda de 12% na produção de eletrodomésticos em janeiro deste ano em relação ao mesmo mês de 2008, uma categoria do setor tem ficado fora dessa estatística: os televisores de tela fina. A produção dos aparelhos com telas de plasma e cristal líquido (LCD) apresentaram forte crescimento no primeiro mês de 2009 em relação a janeiro do ano passado. De acordo com dados da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), as empresas do pólo produziram 244,1 mil televisores de LCD em janeiro, 122,87% a mais que no mesmo mês do ano anterior. A produção de televisores de plasma passou de 10,7 mil para 25,5 mil no mesmo período.
Segundo Lourival Kiçula, presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Eletroeletrônicos (Eletros), a migração da tecnologia analógica para a alta definição é um dos motivos que tem impulsionado esse mercado (ver box abaixo). "Também ajudou muito a erosão de preço ao longo do ano de 2008 e que continuou com as ofertas de Janeiro realizadas com estoque de final de ano", afirmou Kiçula.
Segundo o presidente da Eletros, o resultado, depois de um final de ano muito ruim - afetado pelos efeitos da crise econômica -, reflete uma recuperação do mercado de televisores. "Dezembro foi muito ruim para a indústria como um todo, inclusive para televisores", disse.
Para este ano, a expectativa é bastante otimista quanto ao mercado de televisores de telas finas. De acordo com estimativas da Eletros, a produção de LCD deve ficar em 3,6 milhões de unidades, ante as 2,6 milhões produzidas em 2008, e a produção de plasma deve ficar em cerca de 400 mil, ante 332,7 mil unidades em 2008.
Já a produção dos televisores com cinescópio, ou tubo de imagens, continua em queda. Depois de produzirem 10,3 milhões de unidades em 2007, a produção do pólo caiu para 7,9 milhões no ano passado. Agora, no primeiro mês do ano, as fabricantes instaladas em Manaus produziram 408,1 mil televisores, ante 463,3 mil televisores no mesmo mês do ano passado. A produção anual de televisores de tubos deve ficar em 5 milhões de unidades, segundo estimativas da Eletros.
Falta de crédito
As vendas de televisores de plasma e LCD, estão diretamente ligadas a disponibilidade de crédito, já que a maior parte das vendas é financiada. Apesar do volume de crédito ter diminuído no final do ano passado, Kiçula afirmou que os consumidores não estão encontrando dificuldades para financiar televisores este ano.
"Não há escassez de crédito para consumidor final, mas sim mais rigor do varejo na concessão. Apesar de limitar o volume é uma ação muito saudável para o negócio como um todo", afirmou Kiçula.
Preços
Além da mudança tecnológica, a queda nos preços dos televisores também tem impulsionado as vendas dos modelos de telas finas. Mas os consumidores não devem esperar novos cortes nos preços este ano.
"Os preços já estão bastante competitivos no Brasil e caso haja alguma erosão será em ritmo muito menor do que o que ocorreu ao longo de 2008", disse Kiçula, destacando que a alta do dólar registrada no final do ano passado teve forte impacto nos custos das fabricantes de eletroeletrônicos. "Teve um grande aumento no custo de produção", afirmou.
Faturamento
No ano passado, o faturamento das indústrias com vendas de televisores de telas finas ultrapassou pela primeira vez as vendas de tubo. Apesar de ainda representar maior volume, o faturamento das vendas de televisores com cinescópio fechou o ano em US$ 1,56 bilhões, enquanto as vendas de LCD alcançaram US$ 2,31 bilhões. Em 2007, o faturamento com LCD foi US$ 951,985 milhões, em comparação ao faturamento de US$ 2,05 bilhões com os televisores de tubo.
Veículo: Gazeta Mercantil