Empresas da Capital passaram a destinar, em média, 30% do lucro para investimentos na área de segurança.
Se não bastasse as quedas consecutivas nas vendas ao longo do ano devido à crise econômica, o comércio varejista da capital mineira ainda tem que arcar com custos altos em segurança. A violência tem impacto direto no funcionamento e faturamento das empresas, que passaram a destinar, em média, 30% do lucro para a área de segurança.
O tema foi discutido ontem durante debate promovido pelo Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios de Belo Horizonte (Sincovaga-BH) e Federação do Comércio do Estado de Minas Gerais (Fecomércio-MG). Estudo feito em parceria pelas duas entidades revela que metade dos 300 empresários, ouvidos em outubro deste ano, reforçou a segurança do estabelecimento.
O cenário é preocupante, de acordo com o presidente do Sincovaga-BH, Gilson de Deus Lopes, o número de roubos e furtos em estabelecimentos comerciais tem aumentado ao longo dos anos. Ele crescenta que as ocorrências são mais intensas no final de ano, com a chegada do Natal.
Lopes teme que a situação se agrave ainda mais em meio ao atual quadro recessivo do País, em que o desemprego tem aumentado. Ele lembra que em 2014, o número de policiais militares nas ruas de Belo Horizonte foi ampliado em função da realização da Copa do Mundo, mas que voltou a cair após o evento.
Supermercados - Por meio da pesquisa "Análise de vitimização dos supermercados", 48,8% dos empresários do setor disseram que sofreram algum tipo de violência em seu local de trabalho, com destaque para o assalto à mão armada a funcionários e clientes (52,6%) e furto à loja (24,7%).
"Não temos tido tranqüilidade para operar o negócio. Além das perdas com patrimônio, a violência coloca em risco os trabalhadores, especialmente os mais expostos, como operadores de caixa e vendedores", diz Lopes.
Sobre violência e criminalidade nos últimos 12 meses, 59,5% dos entrevistados disseram que aumentaram na capital mineira e 46,3% que ampliaram nos bairros. Diante do problema, Lopes espera que o Estado crie ações preventivas de combate à criminalidade. Além disso, diz que é importante trabalho conjunto entre os proprietários de estabelecimentos comerciais e a Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG).
A analista da Fecomércio-MG Elisa Castro também endossa a opinião de Lopes. Ela ressalta que, em meio à crise econômica, os comerciantes têm que investir em segurança, o que eleva os gastos que são repassados, indiretamente, ao consumidor por meio de aumento de preços dos produtos.
O subcomandante do 41º Batalhão da PM da região do Barreiro, major Alexandre Magno, que participou do encontro, disse que, se comparado janeiro a outubro deste ano com igual período de 2014, houve aumento de 18% do número de pessoas presas que praticavam roubos na Capital. Segundo ele, somente neste ano, 2.335 pessoas adultas foram presas em função de roubos. Além disso, outros 993 jovens também foram apreendidos pela mesma razão. Desse universo, 131 cometiam o ato em estabelecimentos comerciais.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG