Pequenas empresas do setor podem ser mais afetadas; criatividade amenizará perdas.
O aumento do desemprego e a tendência de retração no consumo das famílias, cenário motivado pela crise, poderão contribuir para que haja redução no ritmo de vendas dos supermercados no Estado, principalmente os de pequeno porte, que representam 70% do número de lojas e 40% do faturamento do setor em Minas Gerais.
O presidente do Conselho Regional de Economia (Corecon-MG), Wilson Benício Siqueira, ressaltou que os setores sentem de forma diferenciada os impactos da desaceleração da economia. "As atividades que trabalham com itens básicos, essenciais, como alimentos, demoram mais para perceber os reflexos. No caso do supermercadista, o segmento é bem sensível à redução de emprego e, logo, da renda, prejuízos que só a partir do segundo trimestre do ano começarão a ser sentidos", observou.
Prova disso é o resultado das vendas dos supermercados mineiros em janeiro. De acordo com dados da Associação Mineira de Supermercados (Amis), o crescimento foi de 3,78% ante o mesmo mês do ano passado. Esse cenário pode estar atribuído ao fato de que boa parte dos trabalhadores dispensados após a deflagração da crise contará com o benefício do seguro-desemprego, concedido em, no máximo, cinco parcelas.
Alternativas - Mas, diante das últimas notícias sobre a economia brasileira, pontuadas pela redução do Produto Interno Bruto (PIB) e dos investimentos no último trimestre do ano passado e até de uma possível recessão, os empresários do setor ouvidos pelo DIÁRIO DO COMÉRCIO afirmaram que estão procurando se adaptar às novas exigências do mercado, entre elas, preços mais atrativos, para evitarem maiores perdas.
Ainda segundo empresários do setor, o desempenho de março deverá ser decisivo para saber os reais impactos da desaceleração da economia sobre os negócios. Para o superintendente da Amis, Adilson Rodrigues, os supermercados de pequeno porte podem sofrer com mais intensidade os reflexos da crise. "Eles terão que se reorganizar", disse.
Centrais - Uma das saídas, na avaliação de Rodrigues, é participar das centrais de compras que, por trabalharem com volume elevado de encomendas, têm poder de barganha com os fornecedores. "Vivemos hoje um momento em que as pessoas estão ainda mais sensíveis aos preços", disse.
Ele explicou que as primeiras centrais de compras surgiram em 1975 no Estado. Hoje, Minas conta com 55, sendo 40 filiadas à Amis. "Porém, participar de uma central de compras não é garantia de sucesso se a mesma não for bem administrada", frisou.
Para o proprietário dos Supermercados Candidés, localizados em Divinópolis, na região Centro-Oeste de Minas Gerais, Gilson Teodoro Amaral, a vantagem de uma cooperativa ou central de compras é conseguir preços mais competitivos. "A diferença pode chegar a 15%", disse.
O empresário, que também é presidente da Cooperativa Confiança, que engloba 32 lojas da região, ressaltou que em um momento marcado pela crise é necessário oferecer preço além de produtos. "Posso afirmar que o comportamento do consumidor começou a mudar por volta de outubro do ano passado. Aos poucos os itens top de linha, líderes de venda, começaram a perder mercado. Está acontecendo uma migração do consumo para as marcas mais baratas", observou.
Veículo: Diário do Comércio - MG