A redução da demanda, somada à competição desencadeada desde o início do ano entre as redes de varejo e ao corte de um ponto percentual da Selic em janeiro, contribuiu para uma redução média de 0,5 ponto percentual na taxa de juros mensal cobrada na ponta para os consumidores. A redução, no entanto, não foi capaz de fazer com que as taxas voltassem aos níveis praticados no final de agosto, período pré-crise, quando estavam em 4,66%.
Entre os dias 25 de janeiro e 8 de março, a taxa média de juros ao mês de mais de 20 mil anúncios promocionais divulgados na mídia recuou de 5,25% para 4,75%, segundo levantamento da Shopping Brasil, empresa de consultoria focada no mercado varejista, feito a pedido da "Agência Estado". A expectativa é de que o novo corte na Selic, de 1,5 ponto percentural ontem, para 11,25% ao ano, possa ser repassado de forma mais rápida para os consumidores.
A iniciativa ainda está mais focada nos financiamentos de curto prazo. De acordo com a pesquisa, a taxa mensal de juros das prestações de curto prazo, que variam de uma a quatro vezes, registrou queda de 6,2% para 5,54%. Já nos financiamentos entre nove e 12 vezes, a taxa média ao mês cobrada caiu de 4,92% para 4,31%. Como os produtos vendidos em poucas prestações, em geral, têm preço inferior, o varejo costuma aplicar taxas maiores para ganhar margem, enquanto nas prestações de longo prazo as taxas são menores, conforme explica o diretor da Shopping Brasil, José Roberto Resende.
Além dos primeiros efeitos da queda da Selic, anunciada dia 21 de janeiro, a extensão das promoções e dos saldões, na avaliação de Resende, contribuíram para a queda na ponta. "As lojas estão sendo forçadas a baixar as taxas e alongar as prestações para não perder vendas", afirma.
Prestações - O levantamento constatou que o período médio das prestações também apresentou elevação, passando de 186 dias para 205 dias. Ainda segundo a pesquisa, a participação das prestações acima de 13 vezes no total dos anúncios passou de 27% para 37%, enquanto que a taxa de juros média cobrada ao mês nesta modalidade de financiamento recuou de 5,38% para 4,9%. A única faixa a apresentar estabilidade no período foi nas parcelas de cinco a oito vezes, que se manteve em 5,5%.
Resende destaca que uma grande rede varejista, apenas nas quatro últimas semanas, apresentou uma retração de 5,74% para 4,54% em suas taxas médias, com destaque para a retração nas prestações de nove a 12 vezes, que recuaram de 6,33% para 2,83%. "A necessidade de redução dos estoques e aumento do capital de giro têm levado algumas redes a praticarem uma agressiva política de redução de juros, para incrementar as vendas." Ele ressalta, porém, que não foram todas as varejistas que reduziram seus juros, mas que, na média, o mercado registrou queda nas taxas. (AE)
veículo: Diário do Comércio - MG