Diante da crise e da queda em suas exportações, a China rejeitou um acordo para limitar as vendas de seus produtos têxteis ao Brasil. O governo brasileiro admite que investigações de dumping e eventuais salvaguardas já estão em andamento para ver se será o caso de elevar novas barreiras contra os produtos chineses. Em 2005, o governo chinês fechou um entendimento com o Brasil, limitando o crescimento de suas exportações ao mercado nacional e criando cotas. Em contrapartida, o Brasil evitaria criar novas barreiras. Entre 2003 e 2005, as exportações chinesas de produtos têxteis dobrou para o Brasil.
Mas o acordo venceu no final do ano passado. O Itamaraty chegou a enviar negociadores para a avaliar a situação e propor um novo acordo. Mas os chineses não aceitaram. Segundo Carlos Marcio Cozendey, diretor do Departamento Econômico do Itamaraty, investigações de dumping já estão ocorrendo no Brasil. Mas há pelo menos dois fatores que podem amenizar a entrada dos produtos no país. Um deles é a queda nas exportações chinesas em geral. Em fevereiro, a redução dos embarques da China a todo o mundo foi de 25%.
Outro fator é a desvalorização do real, o que também teria contribuído para frear as importações do setor. De todas as formas, o governo avalia ainda a situação. Em 2008, a China exportou US$ 185 bilhões em produtos têxteis ao mundo, um crescimento de 8,2% em relação ao ano anterior. Mas a taxa de expansão já estava dando sinais de queda. Em 2007, o crescimento foi de 10,7%.
Os chineses estimam que 20 milhões de trabalhadores já foram afetados em todo o país pela crise e estão sendo obrigados a voltar para o interior da China e deixar os centros de produção. O problema é que o setor têxtil brasileiro também vive uma queda de suas exportações. Só em janeiro, a redução nas vendas para o exterior foi de 33,5%.
Veículo: Diário do Comércio - MG