Inflação leva supermercadistas a reduzir itens da cesta de Natal

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Ceia salgada. Produtos que integram o pacote, como peru, fruta seca e espumantes, estão 10% mais caros este ano. Com conjuntos menores, varejistas esperam atrair consumidor "apertado".

Para atrair um consumidor retraído, o plano dos supermercados neste fim de ano está concentrado na venda de cestas de Natal menores, com menos itens e mais baratas. Com preços a partir de R$ 18,90, a medida visa contornar o efeito da inflação sobre os componentes do conjunto, que subiram, em média, 10% no ano.

A estratégia deverá servir também para combater uma queda de 1,02% nas vendas do setor nos primeiros dez meses deste ano, na comparação com 2014, dado revelado ontem (30) pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

Para o vice-presidente da Abras, João Sanzovo, a aposta dos supermercados se dá em momento oportuno, já que o consumidor está mais cauteloso na hora da compra e optando por produtos mais baratos.

"As cestas de Natal têm muita tradição e impactam positivamente nas vendas de dezembro. A estratégia por conjuntos mais baratos é correta", avalia.

Itens que integram a cesta natalina, como peru ou chester, frutas secas, panetone e espumantes, além do azeite, ficaram entre 7% e 10% mais caros nos últimos 10 meses, o que inibe o consumo com a mesma frequência de anos anteriores. Nos 12 meses encerrados em outubro, os alimentos subiram 10,39%, segundo o IBGE.

É apostando nessa estratégia que a Associação Paulista de Supermercados (Apas) projeta estabilidade nas vendas de cestas este ano, na comparação anual. "O poder de compra do consumidor está corroído porque tivemos aumentos de índices como desemprego. Os itens da cesta também tiveram aumento de preços, então o conjunto menor pode atrair esse cliente que teve de reduzir as compras", afirma o gerente de economia e pesquisa da Apas, Rodrigo Mariano.

Economia e resultado

Uma das redes que apostam nessa estratégia é o Walmart. A companhia norte-americana elaborou cinco tipos diferentes de conjuntos de itens, um deles com apenas 11 produtos, que será vendido por R$ 34,98. A varejista espera com isso um crescimento de 15% nas vendas de cestas natalinas.

Apesar de ter iniciado a comercialização do pacote no fim do mês passado, a rede afirma que é no último mês do ano que a comercialização de cestas acelera. "90% do total das vendas acontecem em dezembro", afirmou, em comunicado.

A rede Super Muffato estima aumentar em 13% as vendas de cestas. A varejista aposta na manutenção de preços e na personalização do conjunto de itens. "Optamos pela simplicidade, com redução nos modelos disponíveis, e fizemos uma grande negociação com nossos fornecedores para manter os mesmos valores do ano passado", conta o gerente comercial do Grupo Muffato, Adilson Corrêa.

Os preços dos pacotes vão de R$ 18,90 a R$ 99,90.

A paranaense Condor também segue o conceito de cestas enxutas e vai oferecer ao consumidor uma opção com 12 itens, por R$ 30,90. A rede oferece ainda conjuntos sem álcool, que deixam os custos reduzidos.

O Grupo Pão de Açúcar informou que vai oferecer cestas com valores entre R$ 28,90 (com 16 produtos) e R$ 89,90 (especial, com 20 itens).

A companhia aposta também na venda da cesta Qualitá, formada apenas com produtos da marca própria. O preço do conjunto será de R$ 32,90.

Já o Carrefour vai oferecer apenas uma opção de cesta natalina, que reúne 15 itens. A varejista francesa não quis se pronunciar sobre preços e expectativa de vendas.

O Mambo Supermercados é outra rede que arrisca no custo-benefício. Em entrevista ao DCI, a rede diz oferecer conjuntos de itens básicos e premium.

"A gente está apostando em um mix bem variado, com opções para todas as necessidades, gostos e bolsos", diz o diretor de negócios do Grupo MGB, controlador do Mambo Supermercados, André Nassar.

Também na linha econômica, a rede acrescentará em suas cestas um mix de produtos com preços mais acessíveis. "É justamente para quem busca poupar", comenta Nassar.

Segundo ele, os produtos mais vendidos nessa época do ano são alimentos relacionados à ceias de Natal e ano novo, como peru, carnes de aves e frutas secas, além de bebidas, sorvetes, protetores solares, inseticidas e repelentes.

Natal gourmet

Ao contrário das redes anteriores, o Empório Santa Rita aposta em opções de cestas mais sofisticadas, de custo mais elevado.

O motivo, de acordo com a rede, seria o dólar alto, que deve segurar os consumidores de classes mais elevadas no País.

"A gente enxerga que muitos dos nossos clientes não devam viajar para fora do Brasil ou para localizações distantes. Por isso, acreditamos que o consumo no mercado interno se aqueça e a gente atinja um bom número de vendas das nossas cestas", afirma Bruno Zerbinatti, gerente de compras do Empório Santa Rita e do St. Marché.

Os conjuntos de itens podem variar entre R$ 188 e R$ 10 mil.

Nesta última, integram a cesta produtos como uísque escocês 25 anos, vinhos italiano, francês e português, champanhe francês, panetone com creme de pistache e azeite grego.

"Apesar de caros, são itens selecionados e que costumam vender bem entre o nosso público", diz Zerbinatti ao DCI.

A marca não divulgou a projeção de quantas cestas devem ser comercializadas até o final de dezembro, mas, segundo Zerbinatti, "a estimativa para os resultados é bastante positiva".

 



Veículo: Jornal DCI


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