A confiança do comércio renovou em novembro o nível mínimo histórico da série, iniciada em março de 2011, informou ontem a Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Diante do quadro, a entidade espera, para este ano, uma queda de 4% nas vendas do varejo restrito, o que seria o pior desempenho do comércio desde que o IBGE iniciou a pesquisa mensal do setor, em 2000.
Segundo a CNC, o Índice de Confiança do Empresário do Comércio (Icec) recuou 3,4% em novembro ante outubro, na série com ajuste sazonal. No confronto com novembro de 2014, o tombo é maior, de 27,8%. Com os resultados, o índice se encontra em 80,1 pontos.
A avaliação dos empresários em relação à situação atual da economia brasileira foi o quesito que mais piorou. No confronto interanual, a queda chegou a 50,2% em novembro. Na escala, que vai de zero a 200, o indicador está em 39 pontos.
Segundo a CNC, 95,2% dos comerciantes varejistas acreditam que a economia piorou no mês passado. "Os recuos se intensificaram também por conta das expectativas negativas em relação ao desempenho das vendas nas festas de final de ano, que deverá ser 4,8% menor que o do ano passado", avalia a entidade.
O componente que mede as expectativas dos empresários do comércio está em 120,9 pontos, único item da pesquisa a se manter na zona "favorável", acima de 100 pontos. Mesmo assim, o índice caiu 2,8% na passagem de outubro para novembro, a maior queda dos últimos três meses. Em relação a novembro de 2014, as expectativas dos varejistas pioraram 17,5%.
As condições de investimentos, por sua vez, cederam 2,9% em novembro ante outubro. No confronto com novembro do ano passado, o recuo foi de 25,5%. "As quedas refletem a baixa intenção dos empresários do comércio de fazer novos investimentos e contratar funcionários", explica a CNC. Os resultados, segundo a entidade, estão em linha com as projeções de geração de vagas temporárias no fim de ano 2,8% menor do que em igual período de 2014.
"As variações negativas em investimentos refletem a elevação das taxas de juros e do custo na captação de recursos e financiamentos, fazendo com que um número crescente de comerciantes pretenda promover cortes em seus negócios. Para 30,7% dos comerciantes, os estoques estão acima do adequado, refletindo a queda observada nas vendas do varejo e a piora nas expectativas para as vendas nos próximos meses", afirma a entidade.
Além da queda de 4% nas vendas do varejo restrito, a CNC espera retração de 7,1% no varejo ampliado (que inclui veículos e material de construção) neste ano. Será também o pior resultado da série, iniciada em 2003.
Veículo: Jornal do Comércio - RS