Com confiança em baixa, empresários do comércio se reúnem para discutir formas de atravessar período conturbado economicamente. Redes como Bob's e Magazine Luiza pregam motivação
O pessimismo com a economia, tanto do consumidor quanto do varejista, alimenta um ciclo negativo que prejudica ainda mais o mercado. Para diminuir o impacto dessa 'depressão', grandes empresários do ramo se unem para pregar o fim do mau humor do varejo e cavar a saída da crise partindo da própria empresa. Em encontro realizado ontem (2), grandes nomes do varejo, como a Luiza Trajano, presidente do grupo Magazine Luiza, e Ricardo Bomeny, presidente do Bob's, defenderam um discurso em favor de mais otimismo no mercado.
A decisão dos executivos vem a calhar. Segundo a Confederação Nacional de Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), a confiança do setor renovou o seu nível mínimo histórico em novembro, ao recuar 3,4% ante outubro e atingir 80,1 pontos. Para Trajano, do Magazine Luiza, o momento econômico é difícil, mas é preciso aceitá-lo e trabalhar em medidas internas que ajudem a mudar o cenário. "Nós temos que assumir o nosso papel de líder com sabedoria e buscar soluções. Não adianta ficar só esperando melhorar", diz ela.
De acordo com Trajano, a rede tem trabalhado para motivar as equipes de vendas diante do cenário pessimista, com campanhas e investimentos em tecnologia, como o novo aplicativo da loja. Para Trajano, essas são estratégias que aproximam o consumidor da empresa. Além disso, a empresária diz controlar o fluxo de caixa da companhia todas as semanas. "Sou muito conservadora com isso", diz.
A empresária se mostrou otimista quanto ao desfecho dos casos de corrupção que envolvem empresas e partidos políticos do País. Na sua opinião, a ética é, cada vez mais, uma virtude obrigatória. "Essa falta de ética que hoje existe está próxima do fim", pondera.
Fast casual
Ricardo Bomeny, presidente da rede Bob's, afirma que a marca enfrenta a crise com uma grande mudança. Agora, a gigante de lanchonetes planeja deixar o segmento fast-food para se tornar fast-casual. "O fast-casual é um segmento que tem crescido muito nos Estados Unidos e que nós acreditamos dar certo aqui. Trata-se de uma nova forma de atendimento em que o consumidor pode customizar os pedidos da forma que preferir."
Segundo o executivo, todas as 1,3 mil lojas da marca no Brasil trabalharão com esse sistema até o fim de 2019. A mudança envolve também um novo conceito de loja, com layout reformulado e espaço redesenhado. "É um reposicionamento, e vai ajudar a motivar equipes e atrair clientes."
A modernização inclui ainda totens de atendimento, hoje já conhecidos pelo público brasileiro. Bomeny diz que atualmente os aparelhos respondem por até 18% do total de pedidos realizados. "A mudança está acontecendo, mas já este ano projetamos faturar 23% a mais do que no ano passado. Em um ano difícil, nada mal crescer dois dígitos", complementou ele, que preferiu não divulgar a previsão de faturamento da rede.
Veículo: Jornal DCI