Com menos dinheiro no bolso, consumidor está optando pelas compras a prazo.
A mudança do comportamento do consumidor belo-horizontino tem se tornado cada vez mais evidente ao longo do ano em meio ao cenário de crises política e econômica no País. A própria escolha da modalidade de pagamento na hora das compras comprova o fato. Houve aumento de 9% das vendas do comércio por cartões de crédito e débito em outubro deste ano ante igual período do ano passado. É o que revela a pesquisa da Cappta, empresa especializada na captura de pagamentos feitos de forma eletrônica.
De acordo com o sócio-fundador da Cappta, Eduardo Vils, essa alta das vendas efetuadas com uso de cartões de crédito e débito não significa que houve aumento do faturamento das empresas, mas do volume do uso dessa modalidade de pagamento. Ele explica que em função do quadro recessivo, as pessoas estão com menos dinheiro no bolso e, portanto, deixando de comprar à vista, em dinheiro.
“Os clientes têm priorizado as compras parceladas por meio de cartões de crédito. Vão empurrando as dívidas com a barriga, pois sem dinheiro precisam comprar itens considerados essenciais”, diz Vils. Já na comparação de outubro deste ano com o mês anterior, houve alta de 8% das vendas do varejo por cartões de crédito e débito.
Segundo o sócio-fundador, outubro teve o Dia das Crianças e os lojistas aproveitaram a ocasião para fazer promoções e aumentar o número de parcelas, devido à alta do dólar e do reajuste de preços em decorrência do aumento da inflação.
Um dos aspectos apontados no levantamento é que a maior parte das compras foi feita a crédito parcelado. Enquanto em outubro de 2014 o índice chegou a 32%, no mesmo mês deste ano alcançou 37%. Já a preferência por compras a débito cujo índice foi de 45% em outubro do ano passado caiu para 37% no mesmo mês este ano, empatado com as compras parceladas.
No caso de compras feitas a crédito de uma só vez, sem parcelamento, passou de 21% em outubro de 2014 para 24% em igual mês de 2015. Os vouchers foram utilizados em apenas 1,5% das transações.
A amostragem foi feita com base em 522 lojas, entre vestuário (25%), farmácias (22%), mercados (19%), óticas (15%) e o restante outros segmentos como postos de gasolina e lojas de fast foods. Entre os dados observados na pesquisa é que o valor médio do parcelamento de compras no cartão de crédito foi de R$ 70. Já no caso de pagamento de uma só vez no cartão, o valor médio foi de R$ 50.
Necessário - De acordo com Vils, um fato interessante é que o levantamento revelou que as vendas em lojas específicas para o público masculino se mantiveram estáveis na comparação com outubro deste ano em relação a outubro de 2014. Já nas lojas voltadas para atendimento às mulheres, o consumo dos produtos caiu 20%. “Os homens têm a tradição de comprar só o necessário, já o público feminino não. No entanto, isso tem mudado. As mulheres estão comprando menos e o necessário”.
O sócio-fundador diz ainda que os consumidores têm usado a criatividade na hora de fazer o pagamento das compras com uso de cartões de crédito. “Eles dividem os parcelamentos em mais de um cartão, ou seja, com bandeiras diferentes”. Cita, como exemplo, que nas compras acima de R$ 200, 10% dos clientes dividem o parcelamento das compras em mais de um cartão.
Vils explica também que é muito comum o consumidor parcelar a compra por meio do próprio cartão de crédito e passar a outra parte no débito. Além disso, há casos de utilizar cartões de familiares para dividir parcelamento das compras.
Na opinião do sócio-fundador da Cappta, a utilização do cartão de crédito com moderação não é problema. A preocupação é quando o consumidor não tem planejamento financeiro e faz uso por impulso dessa modalidade de pagamento. “Se perder o controle, ficará com dívidas e pode até ficar inadimplente, caso não consiga fazer os pagamentos assumidos”. Vils acredita que o atual comportamento do consumidor, de preferir cartão de crédito a dinheiro, se manterá no próximo ano.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG