O estado de Minas Gerais, maior produtor da variedade arábica no Brasil, deve ter produção até 20% maior na safra 2016/17. Segundo estimativa da Comissão de Cafeicultura da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), a colheita pode chegar a 24 milhões de sacas de 60 kg. Além de a próxima temporada ser de bienalidade alta, as chuvas registradas nos últimos dias e a florada interessante em setembro são os principais indicativos que sustentam esse levantamento.
Dados recentes da Cooxupé (Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé) confirmam as precipitações em Minas Gerais. Neste final de semana, por exemplo, todas as cidades produtoras de café com estação meteorológica da Cooperativa registraram chuvas. Os maiores volumes caíram sobre Monte Carmelo (MG) no domingo, com 30,6 milímetros e no sábado em Carmo do Rio Claro (MG) com 22,4 milímetros. No geral, os municípios apresentavam acumulado mensal, até às 6 horas desta segunda-feira (7), em cerca de 1/4 da média histórica para o mês de dezembro.
"A estimativa inicial é de que Minas Gerais tenha colheita entre 23 milhões e 24 milhões de sacas de 60 kg com essas condições favoráveis às lavouras", explica o Assessor Técnico da Comissão Nacional do Café da CNA, Fernando Rati. Na safra atual, a produção mineira está entre 20 milhões e 21 milhões de sacas. Já na safra 2014/15, o volume foi um pouco acima de 22 milhões de sacas.
De acordo com o presidente do Sindicato Rural de Boa Esperança (MG), Manoel Joaquim da Costa, no Sul do estado a perspectiva para a próxima safra está um pouco melhor levando em conta que a região vem de duas quebras significativas nas safras passadas. No entanto, ele pondera que a situação ainda demanda atenção. "Estimo que recebemos em 2015, até agora, de 900 a mil milímetros de chuva, quase o mesmo que nos dois últimos anos juntos. No entanto, essas precipitações ainda não são suficientes para garantir uma boa produção. O mês de janeiro costuma ter altas temperaturas e menos chuvas, isso pode acabar abortando chumbinhos", explica Costa.
Com relação à produção de café do Brasil na temporada 2016/17, o especialista da CNA acredita que ainda é cedo para fazer estimativas mais abrangentes. "O Espírito Santo, maior produtor de robusta, enfrentou forte seca nas últimas semanas [com proibição de irrigação em alguns municípios] e isso pode impactar na produção do País. Não acredito em safra recorde para o Brasil, mas sabemos que ela não será baixa", afirma Rati.
A Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) estima que a colheita de café do Brasil totalize 42,15 milhões de sacas de 60 kg na safra atual, o que representaria a quarta safra seguida de quebra para o País que é o maior produtor e exportador da commodity no mundo. O primeiro levantamento da Companhia para a próxima temporada deve ser divulgado apenas na primeira quinzena de janeiro de 2016.
Apesar da perspectiva no campo ser um pouco melhor do que nos anos anteriores, os representantes da Comissão de Cafeicultura da CNA acreditam que o produtor de café ainda deve ter cautela nos investimentos da próxima safra. "Os fertilizantes e defensivos e a compra de combustíveis, como óleo diesel, por exemplo, representam 35% dos custos ao produtor e isso pode a aumentar. Por isso, falamos para o cafeicultor ter sempre na ponta do lápis os dados da sua lavoura e negociar sua produção nos picos de alta do mercado", explica Fernando Rati.
Veículo: Site Notícias Agrícolas