Analistas recomendam ações das empresas de alimentos

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As ações do setor de alimentos não sofreram tanto quanto alguns segmentos da economia brasileira durante a crise financeira internacional. Apesar das quatro maiores companhias terem apresentado desvalorização em seus papéis, como Perdigão, JBS, Marfrig e Sadia - esta última também por conta de apostas no mercado financeiro - as empresas se tornaram um porto seguro no momento de volatilidade do mercado.

 

As ações ordinárias (com direito a voto) da Perdigão foram as que menos caíram no ano, com retração de apenas R$ 4,34%, seguida pelas ações ordinárias da Marfirg, com perda de 6,67%, as ON da JBS com desvalorização de 7,70% e os papéis preferenciais da Sadia com expressiva queda de 29,86% durante este ano.

 

"Para fazer este comparativo temos de tirar a Sadia, que foi muito penalizada pela exposição cambial. A Sadia já apresentou perdas financeiras, e pode perder ainda mais. O que pode salvar a companhia seria uma aquisição por parte de outra empresa", explicou Fernando Góes, analista gráfico da WinTrade, home broker da Alpes Corretora. Góes disse ainda que pelo fato de serem empresas de pouca volatilidade e que acompanham o Ibovespa, principal indicador da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa), podem se tornar bons investimentos para este período. "Há dois dias atrás era o investimento ideal. Mesmo assim, tem muito espaço para subir e acredito que no curto prazo se torna uma boa aplicação. Essas ações não são seguras como os papéis dos setores de energia elétrica e telecomunicações, mas também caíram pouco durante o período de crise. São ações interessantes quando a crise passar", afirma ele.

 

Para Peter Ping Ho, analista de mercado da Planner Corretora, o que trouxe perda a essas companhias foi por conta de serem grandes exportadoras. "A queda de exportação é uma coisa inevitável no momento de crise. Creio que possa ser um setor defensivo, com menor volatilidade na crise, afinal, ninguém vai deixar de comer com crise ou sem crise. Não estão imunes as quedas do mercado acionário, mas estão acompanhando o Ibovespa", diz.

 

Ping acredita anda serem boas empresas para aplicações, mas não para o curto prazo. "Eu recomendo a compra das ações de empresas deste setor para um longo prazo. Ainda tem muito o que recuperar e isso vai demorar um pouco", explica o analista.

 

Nos últimos 12 meses as quedas se tornam ainda maiores. As ações preferenciais da Sadia caíram 74,55%, enquanto as ações ordinárias da Marfrig perderam 57,60%, as ações ON da Perdigão tiveram retração de 32,91% e por fim, as PN da JBS estão com desvalorização de 31,59%. "Por conta da crise, este é o momento dos produtos in natura, que custam mais barato. Não estamos tendo nenhum embargo da carne de frango ou bovina brasileira. O mercado esta mais seguro para as empresas", diz Ping.

 

Perdas da Sadia

 

A Sadia informou logo após o pico da crise financeira que teve uma perda de R$ 760 milhões, por ter tido que liquidar antecipadamente determinadas operações cambiais, devido aos efeitos da crise financeira internacional.

 

A companhia alimentícia reconheceu que sua diretoria financeira realizou operações no mercado financeiro relacionadas à variação do dólar dos EUA em relação ao real em valores superiores à finalidade de proteção das atividades da companhia expostas à variação cambial. Ainda de acordo com o informe, as perdas não afetaram as atividades industriais da companhia. Em seguida, quando a empresa anunciou perdas de US$ 360 milhões com operações de derivativos de câmbio, um fundo de pensão de Nova York abriu um processo contra a Sadia.

 

O processo foi movido pelo fundo Westchester Putnam Counties Heavy & Highway Laborers Local 60 Benefit Funds, acionista da Sadia, em nome dos compradores de ações da companhia entre 30 de abril e 26 de setembro do ano passado.

 

O fundo pede à Justiça americana que o processo seja transformado em ação coletiva. A ação dizia que as ações da Sadia caíram para o nível mais baixo de 14 anos depois do anúncio.

 

Veículo: DCI


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