Empresas mineiras registram queda de pelo 10% na movimentação de cargas.
O setor de transporte de cargas de Minas Gerais, que funciona como uma espécie de"termômetro" da economia, uma vez que reflete o escoamento da produção industrial e do agronegócio, além do movimento do comércio, deve fechar 2015 com queda de até 30% no faturamento, fechamento de centenas de postos de trabalho e diversas empresas praticamente paradas, evitando dessa forma operar no "vermelho". Como se não bastasse, nem mesmo o Natal salvou as transportadoras, que registraram recuo de pelo menos 10% na demanda do período em relação à mesma época do ano passado.
De acordo com o presidente da Federação das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Fetcemg), Vander Francisco Costa, o setor está trabalhando com margens apertadas e a concorrência está muita acirrada. "Foi um ano muito difícil, porque o segmento reflete a atividade econômica", disse.
Conforme ele, a situação atual não permite às empresas manterem o volume de negócio a qualquer preço. E, por isso, muitas preferiram paralisar as atividades. "O momento exige paciência e prudência. Usar ferramentas de gestão e tentar operar com lucro pequeno", explicou.
Na avaliação de Costa, a consequência da baixa demanda foi o aumento da concorrência, que fez com que as transportadoras ficassem impedidas de repassar o aumento dos custos de operação para o preço do frete. Em função disso, muitas estão preferindo parar seus caminhões e não pegar o serviço, para não fazer o transporte a preços que não pagam sequer os custos.
Apesar de admitir que é difícil precisar o desempenho médio das transportadoras como um todo, já que este é um segmento muito pulverizado, que atende vários setores da economia, nas contas do presidente da Fetcemg, o volume de carga transportada neste ano foi entre 25% e 30% menor para as empresas que atendem ao setor automotivo, 5% inferior no caso do transporte de combustíveis e 25% a 30% menor quando se trata de cargas fracionadas.
Já no caso da mineração, siderurgia e cimento a redução da movimentação foi de pelo menos de 20% neste ano ante 2014. Os negócios das transportadoras ligadas ao agronegócio, no entanto, conseguiram se manter estáveis, mas isso não foi suficiente para segurar o desempenho do setor como um todo, segundo ele. Para os negócios envolvendo o Natal a queda estimada é da ordem de 10% frente a 2014.
Tudo isso levou as transportadoras a não só perder a capacidade de investir na renovação ou ampliação da frota, mas a desinvestir, com empresas parando caminhões ou vendendo parte dos veículos. A situação ao longo deste ano chegou a ficar tão crítica que o setor chegou a tentar negociar com o governo federal uma forma de aumentar o prazo da carência nos financiamentos de caminhões feitos no âmbito do Financiamento de Máquinas e Equipamentos (Finame), do Programa de Sustentação do Investimento (PSI), do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Mas nada foi alterado.
"Este ano não foi bom. Algumas empresas fecharam e muitas reduziram o quadro de funcionários", acrescentou o presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga do Estado de Minas Gerais (Setcemg), Sérgio Pedrosa. Segundo ele, as empresas que mais sentiram a retração foram aquelas que atendem as siderúrgicas. Neste caso, a queda de receita chegou entre 30% e 50% frente a 2014.
"O fato é que houve queda dos negócios, alto número de demissões, preço dos fretes defasado e muitas empresas preferiram paralisar as atividades do que rodar com prejuízo", lamentou o presidente do Setcemg.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG