Em função das demissões e redução de jornada em boa parte das fábricas da região, varejo trabalha com a perspectiva de perdas na casa dos 13% este ano.
Altamente dependente dos empregos vinculados à indústria, as sete cidades do ABCD sentiram fortemente o impacto da crise econômica que assola o País. De acordo com dados da FecomercioSP, a região deve fechar o ano com retração de 14,3% nos ganhos, sinalizando um 2016 duro para o varejo local.
Na Loja Menina Moça, que opera na principal rua do varejo de Santo André, a retração neste ano ficará na casa dos 25%. "Sentimos uma queda muito grande no volume de compras. Apesar de haver ainda fluxo de clientes na Oliveira Lima, o tíquete médio caiu muito, porque o consumidor não quer fazer dívidas", diz a proprietária da loja, Amanda Ferraz.
Neste ano, a empresa precisou demitir dois funcionários, e o funcionamento no final de ano não será estendido. "Meus custos para operar até as dez da noite aumentam, já que tenho gastos com energia e adicional noturno aos funcionários. Não vale a pena", pontuou.
Em São Bernardo, a Rua Marechal Deodoro, uma das mais tradicionais para o varejo, mostra sinais de que o movimento na semana do Natal será mais fraco. Na loja Vittal Calçados, por exemplo, não houve amplas compras de estoque. "As únicas compras que fizemos foi de produtos mais baratos", afirmou o gerente da loja Emanuel Castro.
Nesse ano a empresa trabalha com previsão de queda nas vendas de 10%. "Estamos preocupados. Eu trabalho nessa loja há 12 anos e este é o primeiro que não vendemos mais", revelou.
Natal da lembrancinha
Em dezembro deste ano, a previsão da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (FecomercioSP) é que o varejo no ABCD movimente R$ 2,8 bilhões, retração de 14,3% na comparação com o mesmo mês de 2014. "Todos os indícios apontam uma tendência negativa para o varejo como um todo, mas no ABCD, em função da dependência da renda vinda da indústria automotiva, a queda pode ser maior que a média", afirmou o especialista em macroeconomia e professor da Universidade Federal do ABC, Reinaldo Caiera.
Para o executivo, se os dados da Fecomercio se confirmarem, este será um dos piores anos para a região desde a década de 1990. "A retomada da indústria será lenta e, enquanto a região se mantiver tão dependente, o cenário se mantém negativo."
De acordo com um levantamento da Universidade Metodista de São Paulo, o Natal deverá movimentar cerca de R$ 296 milhões na região , retração de 13% na comparação com o mesmo período do ano passado.
O desempenho envolve o mesmo patamar de vendas de 2011, quando a projeção era de ganhos de R$ 300 milhões.
Os dados apontam que o valor médio a ser gasto com presente é de R$ 167,84, sendo que em 2014, o preço médio foi de R$ 164,50. "Houve um crescimento nominal de cerca de 2% do tíquete médio. No entanto, se descontada a inflação acumulada no ano, de 9,93% entre outubro de 2014 e de 2015, o preço médio que o consumidor está disposto a pagar ficou aproximadamente 7,2 % menor", disse a Universidade, em nota.
Veículo: Jornal DCI