As prateleiras e bancas das sessões de frutas, legumes e verduras nos supermercados destinadas a produtos naturais e orgânicos tem atraído um número crescente de consumidores em Mato Grosso. São os chamados consumidores conscientes, ou no jargão politicamente correto, consumidores sustentáveis. E estes, nem mesmo nesta época de fim de ano, trocam seus alimentos orgânicos, livres de agrotóxicos, pelas tentações como chocolates, doces, tenders, embutidos e outros alimentos industrializados que, segundo os nutricionistas, são bem menos saudáveis.
O problema é que ainda é difícil para os consumidores de alimentos orgânicos encontrarem tudo o que gostariam de comprar nos mercados locais e nas feiras livres. A maioria dos produtos hortifrutigranjeiros disponíveis em Cuiabá, por exemplo, ainda vem de lavouras, hortas e granjas que produzem pelos métodos convencionais industriais, que privilegiam o uso de adubos químicos, agrotóxicos, rações quimicamente suplementadas, além do uso de antibióticos, hormônios e até anabolizantes animais.
A falta de informação e de conhecimento são os maiores entraves para que produtores familiares, granjeiros e empresários mercadistas, varejistas e feirantes locais aproveitem melhor o imenso potencial do mercado de produtos orgânicos em Mato Grosso e no Brasil de um modo geral.
Ainda que de forma quase inercial, o interesse popular e o aumento crescente no consumo vem impulsionando mesmo lentamente, a produção de alimentos orgânicos em todo o país. Hoje, o Brasil já é um forte produtor orgânico de alguns produtos, como o açúcar, soja, café, óleos, amêndoas, mel e frutas.
Em todo o mundo, a estimativa de que este mercado supere a sifra dos 40 bilhões de dólares por ano. No Brasil, esse mercado movimento, segundo estimativas não oficiais, algo como US$ 150 milhões por ano, sendo que o mercado é abastecido por pouco mais de 50 mil produtores de alimentos orgânicos.
O mais impressionante é que o Brasil está entre os principais países exportadores de alimentos orgânicos do mundo, com 60% da sua produção destinada aos mercados estrangeiros e apenas 30% direcionados para o consumo interno. Os dados, mesmo que apenas estimados, indicam o imenso potencial de crescimento do setor.
Em Cuiabá, a difusão do conhecimento sobre a produção de alimentos orgânicos é uma das ações desenvolvidas pelo Projeto Espaço Vitória, uma iniciativa socioambiental que conta com o patrocínio da Petrobras. O projeto oferece a moradores e moradoras da periferia da capital, cursos de compostagem e produção de adubo orgânico, permacultura e economia solidária, combinando a geração de renda, qualidade de vida e a preservação ambiental.
“Nossa percepção é de que há muito espaço em Cuiabá e em Mato Grosso como um todo, para que a produção de alimentos orgânicos cresça e se consolide como uma atividade competitiva no abastecimento das feiras e mercados livres, supermercados e lojas especializadas em produtos ambientalmente sustentáveis e muito mais saudáveis”, afirma o coordenador do projeto Espaço Vitória, Paulo Wagner Oliveira.
Veículo: Site O Documento