Preocupada em conter custos para se proteger da crise, a Klabin anunciou o fechamento de sua fábrica em Ponte Nova (MG), bem como a demissão de todos os 118 funcionários da unidade. No local eram produzidas 50 mil toneladas anuais de papel reciclado, cujos preços em queda nos últimos meses tornaram a unidade pouco interessante para a companhia.
Maior recicladora de papel da América do Sul, a companhia já havia paralisado as unidades de Piracicaba (SP) e Guapimirim (RJ), também voltadas à produção de reciclados. Enquanto a fábrica paulista já retomou suas atividades, a linha de produção do Rio tem retorno previsto para terça-feira. Antes do fechamento da unidade, a empresa tinha capacidade de processar 300 mil toneladas de papéis reciclados por ano.
De acordo com o diretor-geral da Klabin, Reinoldo Poernbacher, a redução dos custos fixos e variáveis, bem como das despesas, é uma das prioridades para a companhia se manter competitiva em um 2009 de incertezas na economia e no setor de papel.
No ano passado, a empresa viu o custo dos produtos vendidos avançar 22,2% ante 2007, para R$ 2,3 bilhões, contra uma alta de apenas 10,7% na receita líquida, que somou R$ 3,1 bilhões. O salto nos preços das commodities, especialmente no primeiro semestre do ano, acabou gerando pressões de custos, segundo a empresa.
O controle dos gastos tem como principal objetivo prover liquidez à companhia, que aposta na qualidade do seu produto para ganhar mercado em tempos de turbulência, segundo seu diretor-geral.
Também neste sentido, a fabricante anunciou mais um corte importante nos investimentos. Poernbacher informou que o aporte será pelo menos 50% inferior ao que foi desembolsado em 2008, de R$ 587 milhões.
É a segunda vez em cinco meses que a empresa anuncia redução nos investimentos. Em outubro, no início da fase mais aguda da crise, o mesmo Poernbacher revelou que os desembolsos de 2008 seriam menores do que os orçados anteriormente, entre R$ 750 milhões e R$ 800 milhões.
Naquela ocasião, foi arquivado o projeto de ampliação da unidade de Correia Pinto (SC), onde são produzidas 130 mil toneladas anuais de papéis para embalagem. O aporte cancelado, de R$ 200 milhões, elevaria o volume para 190 mil toneladas por ano. Dessa vez, foi para a gaveta, entre outras coisas, a ampliação de 30 mil toneladas anuais na unidade Otacílio Costa, também em Santa Catarina.
"A manutenção da liquidez é uma das principais estratégias para nos mantermos competitivos durante a crise. Por isso, não vamos investir em nada que não traga retorno de curto prazo", explicou o executivo. Com o corte anunciado, Poernbacher prova que está seguindo à risca a receita contra a crise dada por ele mesmo no final de 2008: sentar em cima do caixa.
Apesar da subida nos custos, foi o câmbio o maior vilão da Klabin em 2008. O efeito da forte valorização do dólar sobre a dívida levou a companhia a um prejuízo de R$ 348,6 milhões, ante lucro de R$ 603 milhões obtido em 2007. No quarto trimestre, o prejuízo foi de R$ 314,2 milhões, contra lucro de R$ 53 milhões registrado um ano antes.
Veículo: Valor Econômico