Estado de SP investe em nova rede de transporte urbano sobre trilhos

Leia em 3min 50s

O governo paulista se prepara para começar este ano a implementação de uma rede de veículos leves sobre trilhos (VLT) na região metropolitana de São Paulo e na Baixada Santista, um meio de transporte ainda inédito no país. Até agora, apenas Recife (PE) e a região de Cariri (CE) têm projetos de VLT adiantado, e o Distrito Federal uma obra em licitação. É uma espécie de bonde moderno, com vagões menores que os de trem e metrô - até 70 metros de comprimento, quase metade dos 130 metros dos vagões do metrô -, o que permite a movimentação em ruas com custo menor de implantação.

 

Em São Paulo, serão construídos em torno de 25 quilômetros a 30 quilômetros de vias de VLT, ligando ao metrô e aos trens da capital as cidades de Mogi das Cruzes (zona leste), São Bernardo e São Caetano (no ABC) e o aeroporto de Congonhas. Na Baixada Santista, serão 11 quilômetros de trilhos entre a cidade de São Vicente e o porto de Santos.

 

A rede pode chegar a 55 quilômetros, se considerados os planos ainda preliminares de construção do VLT entre o metrô e o bairro de Brasilândia, na zona norte, e à cidade de Taboão da Serra, à sudoeste de São Paulo. Hoje, a rede de metrô paulistano possui 61 quilômetros de trilhos. "O VLT faz parte do plano de expansão e é o modelo mais correto para colocar nas pontas dos metrôs, normalmente regiões com fluxo menor de passageiros", diz o secretário paulista de Transportes Metropolitanos, José Luiz Portella.

 

O lançamento do edital do primeiro projeto, da Baixada Santista, - hoje em fase de estudo de demanda - está previsto para setembro. O investimento será de R$ 408 milhões e será realizado por meio de Parceria Público-Privada (PPP). Segundo Portella, a intenção é que as obras fiquem prontas em dezembro de 2010.

 

O secretário não quer cravar datas para os demais projetos, mas diz que os estudos já estão em andamento e a ideia é colocá-los em prática a partir do ano que vem. Para o VLT de Suzano a Mogi das Cruzes o investimento será de R$ 500 milhões através de uma concessão comum. Serão utilizadas as vias já existentes do trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), ao todo 14 quilômetros de extensão. A implementação do VLT permitiria a derrubada dos muros que dividem a linha do meio urbano.

 

O projeto para o VLT que ligará São Bernardo à linha 10 Turquesa da CPTM (Luz-Rio Grande da Serra), passando pelo município de São Caetano, está em fase inicial de estudo, a um custo de R$ 40 milhões. A ligação do aeroporto de Congonhas à estação de metrô São Judas, por sua vez, será em via elevada de 3,8 quilômetros, e investimento de R$ 170 milhões. Será feita com recursos do governo, mas numa segunda fase ela deverá ser estendida até a linha 9 Esmeralda da CPTM (Osasco-Grajaú), que percorre a marginal do rio Pinheiros, o que daria viabilidade para uma concessão. Fora isso, o governo também deve iniciar estudos para estender, via VLT, o metrô até o bairro de Brasilândia e o município de Taboão da Serra.

 

O VLT tem uma capacidade de transporte de passageiros menor que o metrô e o trem. Em via sem cruzamento com ruas ele pode carregar até 40 mil passageiros por hora e sentido, metade da capacidade do metrô. Sua implementação, porém, é mais rápida e mais barata. Com trilhos enterrados, o que causa menos ruídos, e freagem similar à dos ônibus, ele pode trafegar em via urbana sem necessidade de construção de passagens de nível, como túneis e pontes, e estações elaboradas, o que torna o projeto menos custoso. "Cerca de 70% do custo de um projeto de metrô é referente a desapropriações e obras", explica o consultor Peter Alouche, do Grupo Trends.

 

A única empresa que fabrica trens de VLT no Brasil hoje é Bom Sinal, com unidades em Botucatu (SP) e Barbalha (CE). Segundo Alouche, o surgimento de novos projetos poderá animar outras empresas a trazerem essa tecnologia para o país. "Não se fabrica ainda porque não há mercado. A sinalização de São Paulo para a implantação de VLTs certamente chamará atenção das companhias", diz o consultor.
 


Veículo: Valor Econômico


Veja também

Rotatividade limita o seguro-desemprego

O número de trabalhadores que requereram ou obtiveram o seguro-desemprego diminuiu nos últimos meses, embo...

Veja mais
Sony reforça produção local de portáteis

Sony pretende seguir o fluxo de previsões recentes para o mercado de computadores no Brasil. De acordo com levant...

Veja mais
Com preços em queda, Klabin fecha fábrica de reciclados em MG

Preocupada em conter custos para se proteger da crise, a Klabin anunciou o fechamento de sua fábrica em Ponte Nov...

Veja mais
Wal-Mart terá lojas com foco em hispânicos nos EUA

O Wal-Mart pretende abrir seus primeiros supermercados voltados ao público hispânico neste terceiro trimest...

Veja mais
Carrefour lucra 31% mais na América Latina

No balanço do Carrefour, divulgado ontem em Paris, o bom desempenho na América Latina - em particular no B...

Veja mais
Brinquedo com chocolate

Se é ao leite, branco ou crocante, não importa. Ovo para criançada tem de ter brinquedo. E nã...

Veja mais
Cílios vibrantes

Acaba de chegar ao país o Ôscillation, máscara para cílios com motor. Basta apertar um bot&at...

Veja mais
"Fenômeno" continua a impressionar nas vendas

Na noite de quarta-feira, dia 11, quatro adolescentes em um carro com placa de Barueri (SP) fizeram questão de in...

Veja mais
Roche tem o desafio de manter intacta a área de pesquisas da Genentech

A suíça Roche acertou a compra, por US$ 46,8 bilhões em dinheiro, dos 44% da pioneira de biotecnolo...

Veja mais