Escassez de insumos impulsiona cotações nas regiões com menor oferta. O preço do milho subiu mais de 50% este ano em relação a 2015.
As cotações do milho e do farelo de soja tiveram uma disparada em diversas regiões do Sul e Sudeste, decorrente de uma escassez localizada e de fortes exportações do Brasil, o que pode se reverter em uma alta nos preços das carnes de aves e suína, alertou nesta quarta-feira (13) a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), em nota.
A associados da ABPA relataram escassez de insumos --especialmente milho-- em centros de produção da avicultura e da suinocultura, apesar do registro de estoques em polos do Centro-Oeste, o que tem impulsionado as cotações nas regiões com menor oferta.
O preço do milho, principal produto na formulação da ração, subiu apenas este ano quase 14% na praça de referência de Campinas (SP), para cerca de R$ 42/saca, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), com uma alta de mais de 50% ante o valor registrado no mesmo período do ano passado.
Os principais estados produtores de milho do Sul do Brasil estão saindo de uma entressafra e iniciando a colheita da primeira safra do cereal, a qual a ABPA considera que terá tamanho pequeno para atender às necessidades.
"A primeira safra é insuficiente para atender a demanda interna, ainda mais com a exportação aquecida", disse o presidente-executivo da ABPA, Francisco Turra.
O Brasil, embora consuma a maior parte de sua produção de carne de frango, é o maior exportador global do produto. O país também figura como o segundo exportador mundial de milho.
O Cepea, instituto de análises da Universidade de São Paulo, já havia alertado no início desta semana que ano de 2016 começa com os preços em alta no mercado interno de milho, puxados pelo ritmo forte das exportações no último trimestre de 2015, com o produto brasileiro mais competitivo pela desvalorização do real ante o dólar.
O Brasil exportou um recorde de mais de 30 milhões de toneladas de milho no ano passado, crescimento de cerca de 10 milhões de toneladas ante 2014. As exportações de carne de frango também foram recordes em 2015.
Problemas
Segundo o presidente da ABPA, a escassez do produto básico nas regiões do Sul e Sudeste e o custo do transporte para trazer o milho do Centro-Oeste "criam dificuldades até para manter os mesmos níveis de produção na avicultura e na suinocultura, que estão gradativamente sendo reduzidos".
Com estoques vistos como insuficientes, a ABPA disse que, sem estímulos expressivos para a segunda safra (a maior do país), o setor precisará tomar decisões mais drásticas para garantir o andamento da produção de carnes, como importar o insumo dos países vizinhos.
"Seremos obrigados a importar milho do Paraguai e da Argentina, onde os excedentes também não são elevados", afirmou Turra, acrescentando que os produtores de aves e de suínos já vinham sendo impactados por outras elevações nos custos produtivos, como a mão-de-obra, energia e combustíveis.
A safra nacional de milho 2015/16 foi estimada pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) na terça-feira em 82,33 milhões de toneladas, ante 82,04 milhões da estimativa de dezembro, o que seria queda de 3 por cento ante a temporada passada.
A Conab elevou sua previsão da primeira safra para 27,77 milhões de toneladas, ante 27,48 milhões em dezembro, e manteve o volume previsto na segunda safra, de 54,56 milhões de toneladas.
Veículo: Portal G1