Apesar de alta nas vendas de 1,5% em novembro, sobre outubro, segmento se mantém pressionado e tombo na comparação anual foi de 7,5% no mês, segundo o IBGE.
As vendas no varejo brasileiro em novembro cresceram de forma inesperada em relação ao mês anterior, impulsionadas por antecipações das compras de Natal. Mas ainda assim tiveram o pior desempenho desde 2003 na comparação com um ano antes e ainda não indicam mudança na tendência negativa do setor.
As vendas varejistas tiveram alta de 1,5% em novembro sobre outubro, melhor desempenho mensal em um ano, informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ontem.
O resultado é o segundo positivo seguido e o melhor desde a alta de 1,7% vista em novembro de 2014. Quando comparado ao mesmo mês do ano anterior, o tombo é de 7,8%, oitava taxa negativa seguida nessa base de comparação e a mais forte desde março de 2003 (-11,4%).
Apesar do resultado positivo no mês, em 2015 até novembro as vendas no varejo acumularam queda de 4,0% "[A alta] não é uma tendência positiva pois há volatilidade de um mês ao outro. E para dezembro a impressão é de que o Natal não foi bom", diz a economista da CM Capital Markets Jessica Strasburg.
Promoções
Cinco das oito atividades pesquisadas no varejo restrito tiveram alta no volume de vendas em novembro sobre outubro. Um dos motivos foi o final de semana de vendas da Black Friday, dia de descontos que movimentou o varejo físico e virtual em todas as regiões do País.
Segundo o IBGE, os destaques ficaram para os avanços de 6,9% na comercialização de móveis e eletrodomésticos e de 4,1% de outros artigos de uso pessoal e doméstico, indicando antecipação das compras de Natal.
"As promoções que ocorrem em novembro vêm aumentando e estimulando a venda de bens duráveis. Novembro tem se aproximado de dezembro em termos de patamar de varejo", disse a economista do IBGE Isabella Nunes.
Já as vendas de hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo, setor com maior peso na estrutura do comércio, registraram queda de 1,5% em novembro.
Foi essa atividade que teve o maior impacto negativo no resultado anual das vendas varejistas, com redução no volume de vendas de 5,7%.
O varejo ampliado, que inclui na apuração do IBGE dados de venda de automóveis e material de construção, apresentou ligeira reação com crescimento de 0,5% em novembro sobre outubro, interrompendo série de três quedas seguidas com o aumento de 1,2% nas vendas de veículos e motos, partes e peças.
Futuro nebuloso
Segundo análise do IBGE, o varejo no Brasil mostrou deterioração mês após mês em 2015, sem conseguir superar a inflação alta, a renda menor dos trabalhadores e a restrição de crédito, em um cenário agravado por forte crise econômica. "Foi um ano em que a piora do mercado de trabalho, da renda e do crédito é mais forte do que em 2014. A perspectiva é de piora", diz em nota o economista-chefe do Banco Fator José Francisco Gonçalves.
De opinião similar partilha os economistas do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (IEDI). Em nota, a instituição diz que o cenário para 2016 é tenso, mas é preciso superar o momento desafiador. "Em suma, 2015 foi um ano ruim para praticamente todos os setores do comércio, ainda que alguns deles venham fraquejando apenas nos últimos meses do ano."
Veículo: Jornal DCI