Em janeiro, segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC), a Intenção de Consumo das Famílias (ICF) está aumentando 1,3% em relação a dezembro, chegando a 77,5 pontos, numa escala em que o nível neutro é de 100 pontos.
Isso significa que nesse nível os consumidores não revelam nenhuma propensão, positiva ou negativa, em relação a consumir no futuro próximo.
Apesar de ter aumentado até agora em relação a dezembro, a intenção de consumir ainda está fraca, mostra-se desfavorável. Em relação a janeiro do ano passado, piorou bastante, cerca de 35,3%. Portanto, o fato de ter melhorado um pouco na margem, isto é, de um mês para outro, agora no primeiro mês de 2016, não pode ser visto como uma tendência para o primeiro semestre do ano. É um episódio que pode ser explicado pela atitude de boa parte dos consumidores que, em dezembro, diante da alta dos preços própria do mês das festas e das notícias sobre desemprego e queda das atividades, preferiram postergar compras para janeiro, quando os preços, presumivelmente, estariam mais acessíveis.
No entanto, a assessora econômica da CNC Juliana Serapio considera que a alta na Intenção de Consumo das Famílias em janeiro assinala alguma melhora das expectativas dos consumidores para os próximos meses. Mas ela também nota que a ICF se encontra em nível bastante baixo em termos históricos e que um grupo considerável de famílias justifica a retração na propensão a consumir pela insegurança em relação ao emprego.
Isso é particularmente percebido, na pesquisa, pela queda de 50,1% na intenção de compra de bens duráveis, que exigem maior disponibilidade financeira e prazos maiores de comprometimento com as prestações. Em relação a esses bens, as respostas mostram que 72,9% das famílias acham que o momento é desfavorável para aquisições desse tipo.
O nível geral de consumo atual é o segundo pior quesito na pesquisa, com queda de 45,1% em relação ao apurado em janeiro do ano passado.
Numa análise mais abrangente da CNC, o cenário atual e os meses precedentes foram marcados pela queda dos níveis de emprego em vários setores e pela desaceleração da atividade do comércio. Isso leva a entidade a um prognóstico de retração das vendas da ordem de 3,7% em 2016, depois de uma queda geral de 4,0% em 2015.
Veículo: Jornal O Estado de S. Paulo