Renegociar com financeiras e indústria será vital neste ano

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Para superar 2016 e esperar com saúde a retomada da economia, os supermercadistas - principalmente os pequenos e médios - vão precisar negociar mais. Rever os contratos com a indústria e com bandeiras de cartões vira mais um dever de casa, que se soma à constante redução do gasto com energia e perdas dentro da operação.

Para o vice-presidente da Associação Paranaense de Supermercados (Apras) Maurício Bendixen, os empresários devem investir em duas frentes de combate aos custos. "Os maiores impactos no custo da operação são os gastos com energia elétrica e as taxas com operadores de cartão", diz o executivo.

Segundo ele, em alguns casos a taxa sobre a compra é de 1,3% a 2% e nos Estados Unidos, o valor é 0,35%.

O executivo avalia que hoje o País tem duas grandes empresas que concentram esse mercado a Cielo e a Rede Card. "Precisamos aumentar a concorrência para diminuir o custo. O Brasil tem uma operação ainda muito cara desse serviço", lamenta.

De opinião similar partilha o superintendente da Associação de Supermercados de Brasília (Asbra), Marcelo Marinho. "Os empresários precisam melhorar as negociações de preço e prazos com fornecedores para ficarem mais competitivos no mercado."

Para ele, o grande diferencial do empresário para reduzir custos é não ter medo de negociar. Dando exemplo de Brasília, o presidente da entidade aponta que os supermercadistas da região negociam com as administradoras de cartão todo mês. "A guerra em busca de melhores preços é mensal. No entanto, diante do cenário de recessão, as operadoras [de cartão] estão mais sensíveis e flexíveis com as taxas." Vale destacar que a tática de renegociação com fornecedores é uma das estratégias do Grupo Pão de Açúcar, lançada em dezembro, para impulsionar o consumo com preços mais acessíveis.

Corte de custos

Para Bendixen, vice-presidente da Apras, outro ponto importante é o uso controlado do ar condicionado e refrigeradores. "Com manutenções periódicas e o controle eficaz dos equipamentos, o empresário pode reduzir, em média, o consumo em 40%".

Outra alternativa adotada pelos supermercadistas para compensar o aumento de energia que, segundo Marinho, teve uma elevação de 130%, foi diminuir de 80% a 90% o número de funcionários temporários, como estratégia para acompanhar a queda no fluxo de clientes dentro das operações. "Antes, tínhamos consumidores que compravam carne de primeira todos os dias primeiro, hoje eles mudaram para carnes mais baratas e até substituíram a carne vermelha pelo frango e o peixe", ressalta.

Quem também concorda com Marinho é o presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), Pedro Celso. Para ele, além de enxugar custos, o supermercadista precisa conhecer bem o consumidor. "Isso fará diferença na hora de escolher as novidades do setor e a forma como devem ser expostas na loja." Em tempos de crise, a criatividade e o bom atendimento também farão a diferença.

Controle do estoque

No Ceará, a palavra de ordem neste ano é ter estoques mais enxutos e eficientes. "Cerca de 80% dos negócios dos supermercados são as mercadorias. É importante equilibrar os estoques para evitar excesso de produtos e acabar ficando um capital retido", diz o presidente da Associação Cearense de Supermercados (Acesu), Gerardo Vieira Albuquerque.

De acordo com ele, é importante diminuir a compra de produtos com menos giro de vendas. Outro detalhe, ressalta, são os gastos extras com produtos danificados e roubados, além da falta de controle na no recebimento da mercadoria. "Isso pode provocar um enorme rombo no orçamento".

Para o pequeno e médio varejista que está com dificuldade de acertar o controle de gastos, o delegado da Associação Paraense de Supermercados (Aspas), Fernando Fontes de Brito, indica a aproximação com o Sebrae. "A situação é muito séria. Orientamos as menores empresas a buscar um olhar profissional para ajudar a fazer as reduções."

Ele detalha ainda que alguns empresários não sabem aplicar os conselhos de redução de gastos e precisam de tenção especial para alcançar resultados reais dentro das unidades.

 



Veículo: Jornal DCI


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