Nova fábrica, que recebeu aporte de R$ 230 milhões, vai gerar 10% de crescimento para a economia local.
A chegada da Bem Brasil Alimentos ao município de Perdizes, no Alto do Paranaíba, vai modificar a economia da região. A fábrica de batatas congeladas, que é a segunda da empresa no Estado, recebeu investimento de R$ 230 milhões e ampliará em até 10% a arrecadação do município, além de gerar 300 empregos diretos e mais de mil indiretos. Além disso, a empresa atraiu para a cidade um projeto que promete ser referência em sustentabilidade no País: a nova planta contará com uma central de cogeração de energia elétrica e vapor movida à biomassa.
A nova unidade, em construção, terá capacidade para produzir 170 mil toneladas de batatas por ano até 2019. Isso significa mais que dobrar a capacidade de produção da Bem Brasil, passando de 100 mil toneladas por ano para 270 mil. De acordo com o diretor da empresa, João Emílio Rocheto, com essa expansão a Bem Brasil passará a ser a maior fabricante de batata palito pré-frita congelada da América Latina. A expectativa é de que a inauguração da unidade aconteça em outubro deste ano.
De acordo com o prefeito de Perdizes, Fernando Marangoni, a indústria da Bem Brasil será a maior do município e deve refletir significativamente no Produto Interno Bruto (PIB) da indústria na cidade. “A principal atividade do município é a agropecuária, responsável por 80% do PIB de Perdizes. Temos um pequeno distrito industrial (DI) com cerca de 25 empresas, mas todas de pequeno porte. Com a chegada da Bem Brasil o PIB da indústria passará de 4% para 11%”, diz.
Além disso, Marangoni afirma que a fábrica passará a ser a maior empregadora da cidade: ela vai gerar 300 empregos diretos e mais de mil indiretos. O prefeito também afirma que a nova planta aumentará em 10% a arrecadação do município e gerará 10% de crescimento para a economia local. Ele destaca, ainda, que os ganhos devem extrapolar as divisas de Perdizes, já que a planta está em uma localização estratégica. “A fábrica fica próxima a outros dois municípios: Pedrinópolis e Santa Juliana. Então os benefícios serão não só para a nossa cidade, mas também para a região e para todo o Estado”, frisa.
Sustentabilidade - Além dos benefícios econômicos e sociais, a nova fábrica da Bem Brasil será “verde”. O processo produtivo contará com uma central de cogeração de energia elétrica e vapor movida à biomassa. O sistema está sendo desenvolvido por meio de um projeto da Efficientia, subsidiária integral da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). O projeto recebeu investimento de R$ 30 milhões, que inicialmente serão financiados pela Cemig. O aporte financeiro será reembolsado pela Bem Brasil à Cemig com base na economia de energia obtida.
O diretor da empresa explica que a energia elétrica é uma espécie de coproduto proveniente da produção da batata congelada. Isso porque a empresa precisa produzir um grande volume de vapor para possibilitar movimentos como descascar, cortar, congelar e embalar a batata. E é nesse momento que ela também pode produzir energia. “Tínhamos uma estação de geração de vapor bastante significativa, com capacidade de 35 toneladas de vapor por hora. Agora, incrementamos para 50 toneladas de vapor por hora e com isso conseguimos gerar energia. A Cemig entrou para viabilizar essa cogeração”, explica.
Ele acredita que o reembolso dos R$ 30 milhões será possível em um período de sete anos. Depois disso, a geração de energia própria trará economia para o processo produtivo. “Em uma conta rápida a gente pode dizer que a empresa vai pagar a energia elétrica e ficar com o vapor de graça para o processo”, afirma.
Durante a assinatura do contrato de desempenho, o diretor-presidente da Cemig, Mauro Borges, reforçou a importância desse projeto, que é um dos maiores investimentos da companhia em eficiência energética. “Produzindo a própria energia, a Bem Brasil está economizando a energia que seria consumida da rede do sistema elétrico brasileiro. Isso é muito relevante e um exemplo a ser seguido”, afirma.
Coprodutos - A nova fábrica da Bem Brasil também deve incluir a geração de mais coprodutos em seu processo produtivo, como é o caso do biogás produzido com a queima de resíduos da batata. “O processo de produção gera uma água com uma calda orgânica vinda da batata. Vamos jogar isso em um biodigestor, que vai resultar na produção de um gás que será inserido na caldeira. Com isso a gente vai economizar 25% da biomassa que tiramos da floresta para alimentar a caldeira”, explica.
A possibilidade da produção de mais um coproduto também foi apontada pela equipe da Efficientia: o gás carbônico (CO2), que poderia ser vendido para a indústria de bebidas. Mas esse processo ainda não deve entrar no planejamento da Bem Brasil nesse primeiro momento. “Para mim essa é uma informação nova, mas podemos pensar: é mais um negócio dentro do nosso processo de produção”, diz.
Mercado - De acordo com dados da Euromonitor International, o mercado de batatas congeladas no Brasil movimentou R$ 382 milhões em 2014. O segmento cresceu, em média, 17,75% ao ano entre 2009 e 2014. Até 2019, vai desacelerar e avançar, em média, 4,3% ao ano, chegando ao fim do período a R$ 470,9 milhões. Do total, 75% das vendas são destinadas ao setor de alimentação fora do lar. O restante é vendido em supermercados.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG