Consumidor mostra sinais de retomada da confiança

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Pesquisas de janeiro apontam para um leve otimismo por parte do cliente; entre os empresários, planejamento de negócios para o pós-crise começa a ser desenhado.

Após quedas seguidas nos indicadores de otimismo dos empresários e consumidores brasileiros, em função da recessão que assola o País, pesquisas da CNI, FGV e FecomercioSP de janeiro esboçam uma tímida retomada da confiança do setor, sinalizando a volta da confiança na economia para o período pós-crise econômica.

"Os consumidores e empresários precisaram começar a pensar em como serão as coisas no período pós-crise. Porque ela vai passar", afirmou o professor de macroeconomia e política econômica da Universidade Federal do ABC, Oswaldo Siqueira. Na visão do acadêmico, entre os empresários o momento é de pensar em crescimento a longo prazo, para sair à frente da concorrência quando houver retomada da economia. "Quem deixar para pensar em como crescer quando a crise acabar estará um passo atrás dos concorrentes", afirmou.

Entre os consumidores, no entanto, a confiança pode ser mais postergada, e depende muito das projeções de emprego. "O consumidor precisa sentir que o governo federal está coeso em um discurso que passe segurança. Antes disso, uma retomada forte da confiança não deve acontecer", pontuou.

Siqueira cita ainda o movimento de retomada da economia norte-americana no pós-crise de 2008. "Por lá, a confiança do consumidor foi a primeira que voltou, assim que o governo Obama trouxe soluções para o desemprego".

Com relação ao empresariado, ganharam mercado aqueles que, durante a crise, conseguiram guardar capital próprio para investimentos de médio prazo. "Os varejistas mais populares foram os que mais se prepararam, e hoje essas lojas estão com maior penetração no mercado que a vista antes da crise."

Tendência

O Índice Nacional de Expectativa do Consumidor (Inec), é um exemplo desse leve avanço. Em janeiro, o indicador subiu para 98,6 pontos, contra apuração anterior feita em dezembro pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) de 96,3 pontos. Apesar do aumento de 2,4% no período, o patamar do mês passado estava 10% abaixo da média histórica e mostra que os brasileiros continuam receosos.

De acordo com a pesquisa, a melhora da confiança em janeiro é resultado das perspectivas em relação à renda pessoal, ao endividamento e à situação financeira. O índice de expectativa sobre a renda pessoal cresceu 4,6%, o de endividamento subiu 4 6% e o de situação financeira avançou 2,4% frente a dezembro. "Mesmo assim, a manutenção do pessimismo do consumidor indica perspectivas de continuidade de baixa demanda nos próximos meses", diz a CNI, em nota.

A CNI também identificou que as perspectivas sobre a inflação e o emprego igualmente melhoraram. O índice de expectativas em relação à inflação cresceu 2,5% e o de desemprego aumentou 5,2% na comparação com dezembro. Também neste caso, quanto maior os índices, maior é o número de pessoas que apostam na queda da inflação e do desemprego nos seis próximos meses.

Outros números

Outro indicador que mostrou leve reação foi a confiança do consumidor mês passado, na comparação com dezembro, medida pela FGV. No período, a confiança subiu 2,5 pontos, alcançando o patamar de 67,9, mas permanece no campo negativo (abaixo de 100) e recuou 13,2 pontos em relação ao mesmo mês de 2015.

A melhoria no indicador se deu tanto por conta do aumento do Índice de Situação Atual (ISA), que subiu 1,1 ponto, quanto da melhoria no Índice de Expectativas (IE), que cresceu 3,4 pontos, atingindo 70 pontos.

"A recuperação da confiança dos consumidores e empresários pode ocorrer, mesmo que lentamente, em um cenário de aumento da oferta de crédito e retomada de alguns investimentos estruturais na economia brasileira", disse Siqueira.

Já a FecomercioSP, por meio do Índice de Confiança do Consumidor (ICC), reportou um avanço de 2,1% em janeiro, sobre dezembro, somando 89 pontos. De acordo com a federação que representa os varejistas do estado, a melhora das expectativas dos consumidores em relação ao futuro resultou na alta de 3,5% do indicador, que passou de 106,6 pontos em dezembro a 110,3 pontos em janeiro. Se comparado ao mesmo período de 2015, houve recuo de 3,2%.

 



Veículo: Jornal DCI


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