Após fechar 2015 com o maior avanço em 13 anos, a inflação abriu o ano novamente pressionada. O IPCA (índice oficial do País) foi de 1,27% em janeiro, movimento puxado por preços dos alimentos e transporte. Os dados foram divulgados pelo IBGE.
Trata-se da maior alta para meses de janeiro desde 2003, quando os preços subiram 2,25%. Naquele ano, o dólar subiu com as incertezas do mercado sobre o primeiro governo PT e isso afetou a inflação.
O resultado ficou acima da inflação de dezembro (0,96%) e de janeiro de 2015 (1,24%). E também das expectativas dos economistas consultados pela agência internacional Bloomberg, que previam avanço de 1,10% no mês passado.
Com preços ainda pressionados, a inflação acumulada em 12 meses permaneceu em dois dígitos: 10,71% até janeiro. É um pouco acima 10,67% do ano passado, que foi a maior registrada desde 2002. O centro das apostas da agência Bloomberg era de 10,52%.
Alimentos - O clima instável foi o vilão dos preços dos alimentos. Com altas temperaturas e fortes chuvas (na região Sul), os preços subiram nas gôndolas dos supermercados, mercados e feiras acompanhados pelos pesquisadores do IBGE.
A inflação do grupo de alimentação e bebidas acelerou, desde forma, de 1,50% em dezembro para uma alta de 2,28% em janeiro passado. Isoladamente, o grupo foi responsável por 0,57 ponto percentual da inflação no mês.
Esse impacto veio sobretudo dos alimentos consumidos dentro de casa, que tiveram avanço de preço de 2,89% no mês passado. Comer fora de casa -bares, restaurantes, lanchonetes - subiu menos, 1,12%.
Entre as maiores altas estavam produtos como cenoura (32,64%), tomate (27,27%) e batata-inglesa (14,78%). Nos últimos 12 meses, a cebola teve um aumento de preços de 79,59%, segundo o IBGE.
O dólar alto também influencia preço dos alimentos, mas seu papel foi secundário. O avanço do câmbio eleva os preços de insumos agrícolas e de produtos negociados na moeda americana mercado de internacional, como o trigo.
Transportes - Além dos preços dos alimentos, as tarifas de ônibus urbanos subiram 5,61% na média nacional em janeiro e contribuíram para manter a inflação alta no mês, fruto dos reajustes em São Paulo e no Rio.
O grupo de transportes passou assim de uma alta de 1,36% em dezembro para 1,77% em janeiro deste ano. Isso correspondeu a 0,33 ponto percentual da inflação no mês passado, segundo informou o IBGE.
A aceleração não foi ainda maior porque os preços das passagens aéreas cederam 6,13% no mês passado, o que contribuiu para retirar 0,03 ponto percentual de pressão sobre a inflação. O movimento era esperado.
Para a gerente de Índice de Preços do IBGE, Eulina Nunes dos Santos, alimentação e transportes, os dois grupos com maior peso no IPCA, concentraram o avanço da inflação neste mês. Ela disse que é cedo para falar em tendência do ano.
“Há concentração de inflação em itens importantes, como ônibus. Isso está concentrado em janeiro, neste caso. Nos alimentos que cresceram mais tem influencia de efeitos climáticos, uma característica do mês”, disse Eulina Santos.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG