Para CNC, dado é reflexo da queda de 4% no volume de vendas no setor no País de janeiro a novembro.
Os efeitos da crise no setor de comércio varejista fez com que 95,4 mil lojas encerrassem suas atividades durante o ano de 2015, é o que aponta um estudo da Confederação Nacional do Comércio (CNC). O resultado negativo representa uma queda de 13,4% no número de estabelecimentos comerciais que contratam pelo menos um funcionário. Nos últimos 12 meses, as grandes lojas do varejo registraram recuo de 14,8%.
O dado é reflexo da retração de 4% no volume de vendas no setor de janeiro a novembro de 2015, de acordo com levantamento mais recente do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Até então o pior resultado tinha sido 3,7% de queda registrados em 2003. No varejo ampliado, que inclui as vendas do setor automotivo e de materiais de construção, a queda foi de 8,4%.
Em 2014, quando o volume de vendas do comércio caiu 1,6%, mais de 11 mil lojas foram abertas. Já a projeção da CNC para a queda total do setor no ano passado é de 8,5% - o pior ano do varejo em mais de uma década. “Esse número é um indício de que, infelizmente, ainda não atingimos o fundo do poço. A crise foi profunda, foi generalizada, e deixou uma herança muito negativa para 2016, que será de alta de inflação e juros, desvalorização do real e, principalmente, falta de confiança do empresário”, explicou o economista da CNC Fabio Bentes.
Segundo ele, uma previsão otimista para 2016 é de que consigamos fechar o ano com uma taxa de retração nas vendas entre 8% e 8,5%. Isso porque, lembra Bentes, os efeitos do ano passado ainda não atingiram em sua totalidade o mercado de trabalho nacional, que tem espaço para piora.
“Muitas pessoas ainda estão vivendo com o dinheiro de seguro-desemprego. No Brasil, as pessoas não têm o costume de fazer poupança para momentos de crise. Elas vivem com o salário do mês. Assim, quando acabar o seguro-desemprego, o varejo vai sofrer ainda mais. E a crise vai adentrar o segundo semestre”.
Segmentos - Segundo a confederação, todos os segmentos do varejo apresentaram queda no número de lojas. Os que mais se destacaram foram os que são mais dependentes das condições de crédito, como materiais de construção (-18,3%), informática e comunicação (-16,6%), móveis e eletrodomésticos (-15,0%).
Em termos absolutos, no entanto, foram os hipermercados, os supermercados e as mercearias que sofreram a maior diminuição no número de lojas (-25,6 mil) em relação a 2014. Somados às lojas de vestuário e acessórios, esses segmentos responderam por quase metade (45,0%) das lojas que saíram de operação.
Para Bentes, uma recuperação do setor varejista passa necessariamente por uma melhora no segmento de supermercados. “A retomada do crescimento só poderia vir de segmentos não dependentes do crédito, devido às altas taxas de juros previstas para o ano. Por isso, a principal aposta de melhora teria que vir do setor de hiper/supermercados e mercearias, que responde por 25% de todo o setor varejista”, aponta.
Segundo o estudo, o Rio foi a segunda cidade em números absolutos com mais lojas fechadas: 7.430 estabelecimentos, perdendo apenas para São Paulo. A retração de 10,6% representa o primeiro recuo no número de lojas na cidade desde 2005.
O emprego do varejo também mostrou significativa queda nesse último ano, com 20.676 postos de trabalho fechados. Comparado com 2014, quando a cidade conseguiu criar mais de 12 mil postos, a perda sufocou os ganhos passados. “Em 2014, o Rio pode contar com a Copa para um respiro e um crescimento tímido. Em 2015, não. E, mesmo com as Olimpíadas de 2016, não acredito que será possível compensar essas perdas, até porque o varejo irá sofrer muito com os feriados compulsórios e os bloqueios de ruas para os Jogos”, finalizou.
Para concluir o estudo, a CNC utilizou dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério do Trabalho e Previdência Social.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG