A cesta básica registrou alta de preço em Salvador, ficando 11,15% mais cara em janeiro, na comparação com o mês anterior. A cesta passou a custar R$ 349,26, contra os R$ 314,23 registrados em dezembro. Diante dos sucessivos aumentos e da redução da quantidade de dinheiro em mãos, um dos efeitos nefastos da recessão seguida de inflação, as donas de casa estão mudando o hábito de comprar muito para abastecer a dispensa, optando por gastar menos adquirindo pequenas quantidades dos produtos básicos necessários ao lar.
“Há um ano, eu fazia compras maiores a cada quinze dias. Agora, não. É complementando o que vai faltando e comprando no mercadinho e em mercearia da esquina, que às vezes vende até mais barato do que o super mercado. Hoje o meu hábito é este: realmente só compro o que falta para completar, devido aos altos preços dos produtos e a indisponibilidade de dinheiro”, revelou à Tribuna a dona de casa Patrícia Brandão, que diz observar o número cada vez menor nos supermercados, de pessoas com o carro grande cheio de compras, porém mais gente utilizando pequenas cestas para transportar apenas o necessário.
A mudança de hábito também levou a dona de casa Stela Conceição a diminuir as compras para abastecer a dispensa familiar e praticamente trocar o almoço caseiro pelo prato feito no restaurante próximo à sua residência.
“Só compramos o essencial. Optamos por almoçar mais na rua porque, por incrível que pareça, acaba por ficar um pouco mais em conta”, diz. Já Neide Lima Pereira prefere ir menos aos supermercados em tempo de preços altos e procurar nas feiras os produtos que mais consome.
“Tenho comprado aos pouco e principalmente na feira, onde a tendência é a gente comprar menos. No supermercado dá vontade de comprar uma quantidade maior, por isso é melhor evitar. Aumentou tudo, principalmente raízes como o inhame e a batata que estão muito caras”, relatou.
O tomate é o vilão da vez
Em janeiro, a cesta básica de Salvador foi a 5ª mais barata, dentre as 27 capitais pesquisadas, mas todos os produtos tiveram elevação de preços e o tomate - 36,52% mais caro -, ganhou a pecha de vilão do momento, seguido da banana (alta de 12,51%), o feijão (12,14%) e o açúcar (11,72%), que tiveram elevações acima de 10%. As menores variações no mês foram as dos preços médios do pão (2,16%) e do café (1,58%).
“A alta de preço dos alimentos foi generalizada nas 27 capitais onde o Dieese realiza pesquisa da cesta básica. Os produtos que mais subiram de preço foram o feijão, tomate, óleo de soja, açúcar e banana. Aqui em Salvador dos 12 produtos que são pesquisados, o tomate foi realmente o vilão, seguido da banana, e isto aconteceu por conta das chuvas. Com o tempo bom a tendência é que o preço volte ao patamar anterior”, avalia Nadja Souza, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômicos.
Conforme a economista do Dieese, o aumento dos produtos da cesta básica no mês de Janeiro é “histórico” e sempre acontece a cada ano em Salvador. O que preocupa as donas de casa é o fato da subida de preços dos itens básicos da alimentação estar subindo desde outubro, ou seja, esta é a quarta alta consecutiva. “O pior é que são produtos essenciais, difíceis de serem substituídos”, analisa Nadja Souza, que sugere alternativas para as donas de casa na hora de irem às compras.
“A primeira alternativa é a velha pesquisa de preços, a procura por locais mais baratos. Quem mora na Pituba certamente vai comprar mais barato nos estabelecimentos que vendem no atacado na Calçada, por exemplo. A substituição de marcas é também uma alternativa”, pontua.
Pelo andar da carruagem da economia nacional, com o dólar alto estimulando a exportação, em vez do abastecimento do mercado interno, produtos como óleo de soja, carne e açúcar tendem a continuar subindo de preço. De qualquer forma, Nadja Souza diz que a tendência é “a cesta básica de fevereiro subir menos, ou cair, mas é impossível prever. Ela observa que em janeiro, a cesta básica na capital baiana subiu 11,15%, enquanto que a inflação oficial medida pelo IPCA do IBGE subiu 1,11%. “Para quem ganha um salário mínimo há um peso muito maior dos alimentos no orçamento. Quem ganha mais, sente menos a alta da cesta básica”, concluiu.
Veículo: Site Tribuna da Bahia