Farinha, feijão, tomate, açúcar e banana são os maiores vilões na alimentação.
O custo da cesta básica de bens alimentícios aumentou em todas as capitais brasileiras, no mês de janeiro. Com variação de 6,41%, Belém ocupa a incômoda 16ª posição entre as 27 capitais. A informação é da Pesquisa Nacional da Cesta Básica de Alimentos, divulgada ontem, pelo Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), em todo o Brasil. Em entrevista coletiva, o supervisor técnico do Dieese Pará, economista Roberto Sena, informou que os principais vilões foram a farinha (24,26%), o feijão (20,43%), o tomate (12,76%), o açúçar (10,16%) e a banana (8,95%), entre dezembro de 2015 e janeiro de 2016.
O departamento, que no Brasil existe há 60 anos, mudou a metodologia de pesquisa para conferir-lhe alcance nacional. 'O Dieese é a primeira entidade do País a atingir todas as capitais numa pesquisa, de fato. Numa segunda fase, teremos chances de avaliar os reflexos nacionais', observou Sena, lembrando que o Dieese já alcançava toda a região Norte, em 30 anos de atividades no Pará.
'Percebi um aumento absurdo, coisas inacreditáveis', confirmou a professora Neila Flávia Oliveira Alves, ontem pela manhã, logo após fazer compras em um grande supermercado da Avenida José Bonifácio. Neila informou que, em Parauapebas, de onde é oriunda, ela e um grupo de donas de casa estão pesando todos os produtos, a fim de cotejar com o que dizem as embalagens e reclamar, se for o caso, junto aos fabricantes. Ela tem percebido aumentos mensais de preços, em produtos como macarrão, que em novembro custava menos de dois reais e agora, segundo Neila, sai por R$ 3,48.
A professora também reclamou do feijão, que em Parauapebas está a R$ 5,48 e ontem, em Belém, estava a R$ 6,00. 'Mas eu estou na capital, que tem melhor acesso, frete melhor, não deveria ser tão alto assim', disse. 'Tudo aumentou, principalmente a carne. Farinha eu não consumo muito, mas o feijão e a banana estão caros mesmo. O jeito é diminuir a quantidade', arrematou a dona de casa Celeste Gomes, no mesmo supermercado.
A pesquisa nacional do Dieese apontou, ainda, que a capital com cesta básica mais cara foi Brasília (R$ 451,76), seguida de São Paulo ( R$ 448,06) e Vitória (R$ 438,42). Os menores valores médios foram constatados em Natal (R$ 392,20), Maceió (R$ 337,32) e Rio Branco (R$ 341,53).
'Continuamos entre as capitais com alimentação mais cara do País', disse Sena. Ele defendeu uma nova visão do setor agropecuário nortista, com maior agregação de valor aos produtos regionais, uma vez que o Pará continua importando 60% do que chega à mesa. 'A gente produz, mas ainda de forma insuficiente para fazer frente ao grande consumo. Neste estudo atual, feijão e arroz vieram do Centro-Oeste e grande parte das frutas vem de São Paulo. Se não mudarmos nossas políticas, corremos o risco de ficarmos sempre sujeitos às questões exteriores, de sazonalidade, frio ou estiagem no Sul, aumentos de fretes', comentou.
No Pará, a força de trabalho, ou seja, as pessoas profissionalmente ocupadas somam 3 milhões e 600 mil pessoas. Desse total, 40%, ou 1 milhão e 300 mil recebem salário mínimo e sofrem um impacto bastante negativo em seu orçamento familiar com a alta da cesta básica.
Veículo: Site O Liberal - PA