Retração foi a maior desde 2000.
As vendas do varejo em Minas Gerais caíram 1,9% em 2015 na comparação com o ano anterior, segundo a Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), divulgada ontem pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Embora este seja o pior resultado para o setor no Estado desde o início da série histórica, em 2000, a queda foi a segunda menos intensa entre as unidades da Federação, ficando atrás somente do Mato Grosso do Sul, que apresentou recuo de 1,6% no mesmo período. Roraima foi o único Estado com resultado positivo no ano passado: 6,5%.
O varejo mineiro já havia apresentado retrações em 2001 (-1,5%) e 2003 (-1,7%). No País, o desempenho foi semelhante: queda de 4,3% em 2015, também a maior já registrada desde o início da pesquisa. Os recuos anteriores foram apurados em 2001 (-1,6%), 2002 (-0,7%) e 2003 (-3,7%).
O analista do IBGE Minas, Antônio Braz de Oliveira e Silva, destaca que, ao todo, foram dez anos de crescimento do comércio tanto no Brasil quanto em Minas Gerais. Segundo ele, entre 2004 e 2014, País e Estado experimentaram momentos de pujança do setor, embora nos últimos anos, alguns segmentos tenham começado a mostrar declínio.
“Algumas atividades vinham caindo há três anos, o que mostra que isso não é reflexo só da conjuntura atual. E, mesmo aqueles que vinham bem já indicavam desaceleração”, observa o especialista.
Para se ter uma ideia, os grupos de tecidos, vestuário e calçados; livros, jornais, revistas e papelaria; e móveis vêm apresentando resultados negativos desde abril de 2014. Já o de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação, desde janeiro de 2013 e o de veículos, motocicletas, partes e peças, desde novembro de 2013.
Já a atividade comercial representada pelos hipermercados e supermercados apresenta crescimento desde abril de 2014, mas vem perdendo dinamismo. “A média de crescimento no primeiro semestre de 2015 foi de 1,8% e passou para 1,1% na segunda metade do ano”, ressalta o analista do IBGE.
De maneira geral, Silva atribui os resultados do comércio em 2015 à convergência de indicadores ruins. E para 2016, alega não haver nenhuma perspectiva de mudança.
Consumo menor - “Como o desempenho responde ao PIB (Produto Interno Bruto) com defasagem, é esperado que continuemos com índices negativos em relação aos postos de trabalho. Assim, será inevitável o reflexo no consumo e, consequentemente, no varejo”, explica.
Quando considerado somente o último mês de 2015, também foi observada retração em Minas e no País, de 2,1% e 7,1%, respectivamente. Dos oito segmentos avaliados, três registraram crescimento nas vendas no Estado: outros artigos de uso pessoal e doméstico (19,9%), artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos (3,9%) e hipermercados, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (1,1%).
Por outro lado, a queda mais expressiva foi registrada pelo segmento de móveis e eletrodomésticos (-21,2%), seguido por tecidos, vestuário e calçados (-10,5%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-9,1%).
No ano passado, os três mesmos setores apresentaram índices positivos, enquanto as quedas mais fortes vieram de equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação (-17,6%), móveis e eletrodomésticos (-13,1%) e livros, jornais, revistas e papelaria (-9,5%).
Já em relação ao diagnóstico do comércio varejista ampliado, que conta com todos os setores pesquisados incluindo veículos, motocicletas, partes e peças, além de material de construção, o Estado apresentou variações negativas em todas as bases de comparação, assim como o País. Os resultados finais do exercício passado foram de -7% e -11%, respectivamente.
Veículo: Jornal Diário do Comércio - MG