A cesta básica de Porto Alegre começou o ano com alta de 1,94%, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). Com isso, o conjunto dos 13 gêneros alimentícios considerados essenciais passou a custar R$ 432,64 em janeiro de 2016, ante os R$ 424,39 registrados em dezembro de 2015.
O cidadão gaúcho não foi o único a gastar mais com alimentação no mês passado, uma vez que a pesquisa indicou crescimento no custo em todas as cidades pesquisadas. Agora, o levantamento abrange as 27 capitais brasileiras.
Na avaliação mensal da capital gaúcha, dos 13 produtos que compõem a cesta, nove registraram elevação nos preços: o açúcar (16,6%), o leite (14,25%), o óleo (8,09%), o feijão (5,48%), o arroz (2,81%), o pão (2,22%), a carne (2,21%), a farinha (0,59%) e a banana (0,16%). Por outro lado, quatro itens ficaram mais baratos: a batata (4,42%), o tomate (0,60%), a manteiga (0,28%) e o café (0,10%).
Segundo a economista do Dieese, Daniela Baréa Sandi, o movimento de alta se deve a fatores climáticos e ao câmbio. "O excesso de chuvas no Sul e a seca do Centro e Nordeste mais uma vez causaram diminuição da oferta, assim como o dólar favoreceu o aumento das exportações de produtos como o açúcar e a carne", explica.
Porto Alegre perdeu o posto de cesta básica mais cara do País, sendo ultrapassada por cinco cidades e ocupando, agora, o sexto lugar. As líderes do ranking no mês passado foram Brasília (R$ 451,76), São Paulo (R$ 448,31), Rio de Janeiro (R$ 448,06), Vitória (R$ 438,42) e Florianópolis (R$ 437,24).
Com base no valor registrado na capital brasileira, o Dieese indicou, no levantamento, que o salário-mínimo necessário para a manutenção de uma família de quatro pessoas deveria equivaler a R$ 3.795,24, ou 4,21 vezes o mínimo atual de R$ 880,00. Em dezembro, o rendimento deveria corresponder a R$ 3.565,30, ou 4,52 vezes o vigente na época (R$ 788,00).
Ou seja, o reajuste do salário-mínimo, de 11,68%, foi maior do que a variação média da cesta nas capitais. Essa diferença fez com que o tempo médio de trabalho necessário para adquirir os 13 itens caísse de 100 horas e 08 minutos, em dezembro, para 96 horas e 59 minutos em janeiro. Da mesma maneira, ao comparar o custo da cesta e o rendimento mínimo líquido após o desconto referente à Previdência Social, a entidade verificou que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, no mês passado, 47,92% dos vencimentos para adquirir os mesmos produtos que, no último mês de 2015, demandavam 49,47%.
Para Daniela, embora o poder de compra do consumidor tenha aumentado em relação aos produtos da cesta, ainda é necessário dispensar uma parte elevada do salário na compra dos alimentos, o que afeta principalmente quem ganha menos. "Nesse sentido, é importante continuar com a política de valorização do salário-mínimo, dando mais condições para o trabalhador de menor renda se proteger de possíveis altas nos preços e poder destinar parte do incremento em outras formas de consumo, movimentando a economia", completa a economista.
Veículo: Site Jornal do Comércio - RS