A Páscoa deverá ser mais magra neste ano, pelo menos se levado em conta o principal produto da data, o ovo de chocolate. Segundo a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), mesmo com estratégias de redução de tamanho e novas faixas de preço, a queda na venda dos ovos deverá chegar a 7,1%, para 8,5 milhões de unidades. Será a primeira redução na venda nominal do produto dos últimos 12 anos no Rio Grande do Sul, que é responsável por 12% da venda de ovos do País. O faturamento do setor, que deverá bater nos R$ 200 milhões para a data, será compensado pelo crescimento de outros formatos mais baratos, como barras ( 12,1%) e caixas de bombons ( 8,3%).
"Temos de ser realistas. As empresas tiveram de se readequar, e acho que a indústria fez certo, possibilitando que mais pessoas possam ter acesso ao ovo que quiserem", comenta o presidente da entidade, Antônio Cesa Longo, sobre a redução nos pesos. Não é porque serão menores, porém, que os ovos estarão mais baratos. Mesmo mais leves, os consumidores ainda encontrarão os produtos com um aumento de 16,2% nos preços - taxa que poderia passar dos 30%, segundo Longo, não fossem diminuídos os modelos.
Além de motivos internos como a inflação alta e a redução do poder de compra, a entidade cita o aumento do preço do açúcar em mais de 50% e a alta do dólar, que baliza contratos de licenciamento de marcas e o custo do cacau, como motivos para o encarecimento. Os ovos infantis, carros-chefes da data, não devem sentir tanto o impacto da diminuição do peso. "As crianças preferem aquele produto em que o brinquedo até vem com um ovo junto, não o contrário", brinca Longo sobre a importância do brinde para a venda. Pelo menos 55% da decisão de compra dos ovos é atribuída às crianças.
Os maiores beneficiados com a queda na venda de ovos devem ser, mesmo, o que Longo chama de "produtos de última hora". Mesmo também 15,6% mais caras, as caixas de bombons deverão chegar a 6,4 milhões de unidades vendida. Pelo menos 2 milhões delas serão levadas das gôndolas apenas nos últimos três dias antes da Páscoa. Longo não descarta, também, que no mesmo período os ovos restantes já estejam em promoção para atrair o público menos precavido.
Outra das novidades é que a maior parte das compras de Páscoa será paga à vista. Somando dinheiro e cartão de débito, serão 65% das sacolas que já sairão das lojas quitadas. "O consumidor já está com a renda comprometida, não quer se endividar mais", comenta Longo, apontando a situação como outra causa para a redução dos pesos. Apesar disso, os ovos "premium", de valor mais elevados e comprados para presentear, continuarão compartilhando as prateleiras com produtos de diversas faixas de preço. "A indústria também não abriu mão do ovo barato, que pode custar, por exemplo, R$ 5,90", conta Longo, apontando a larga variedade como o motivo para uma previsão menos pessimista do que a inicial, quando projetava-se uma queda de quase 15% nas vendas.
Entre os estabelecimentos pesquisados, nenhum supermercado gaúcho contratará profissionais temporários para a data, que representará, sozinha, 12% do faturamento do setor no mês de março. De cada 10 ovos de chocolate vendidos no Estado, nove sairão dos supermercados. Outro produto típico, o pescado deve registrar crescimento de 11,5% nas vendas em relação ao ano passado, alcançando 520 toneladas.
Veículo: Site Jornal do Comércio - RS