FecomercioSP: consumidor paulista aperta mais o gasto e comércio cai 6,3% em 2015

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O consumidor paulista, que já havia reduzido as compras em 2014, realizou um corte mais profundo em seus gastos no ano passado. É o que mostra pesquisa feita pela FecomercioSP, com base em dados da Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, e obtida com exclusividade pelo Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. Com o consumo reduzido, o faturamento do varejo paulista como um todo registrou queda de 6,3% em 2015 ante 2014, no cálculo que desconta a inflação.

A retração vista no ano passado foi a mais acentuada do setor desde que o levantamento começou a ser realizado, em 2009. As lojas faturaram um total de R$ 550,2 bilhões, R$ 37 bilhões a menos que no ano anterior. A queda do faturamento em 2015 foi duas vezes mais intensa do que a de 2014, quando o recuo foi de 2,8% em relação a 2013.

A piora se deve principalmente a mudanças no perfil do consumo, avalia o assessor econômico da FecomercioSP, Altamiro Carvalho. Ele lembra que, em 2014, a baixa do faturamento foi concentrada nos segmentos de bens duráveis, como veículos (-16,3%) e eletrodomésticos e eletrônicos (-12,3%). À época, os segmentos de semiduráveis também apresentaram quedas, porém mais tímidas, de apenas um dígito. No ano passado, porém, eles se juntaram aos duráveis na retração de dois dígitos. As lojas de vestuário, tecido e calçados, por exemplo, tiveram baixa de 12% em 2015, quase três vezes mais acentuada que a variação em 2014, de 4,2%.

Para Carvalho, os novos cortes no consumo podem ser atribuídos ao aprofundamento da crise econômica. "Em 2014, o consumo caiu porque houve um baixo crescimento da economia e uma inflação já elevada. Em 2015, somou-se a esse cenário o aumento do desemprego, que comprometeu a confiança do consumidor, e este preferiu evitar o endividamento", explicou.

Diante disso, os segmentos de bens não duráveis conseguiram crescer nas vendas. É o caso dos supermercados, com avanço de 3,5%, e as farmácias e perfumarias, também com alta de 3,5%. "São bens essenciais, com pouca relação com oscilação da renda (baixa elasticidade) e independência do crédito, e que foram beneficiados por meio de uma migração do consumo de duráveis para não duráveis", afirmou.

O economista destacou ainda que, no caso das farmácias, o consumo também foi estimulado por preços mais atrativos. "Os preços dos medicamentos sofreram aumentos inferiores à inflação nos últimos três anos. Isso contribuiu de forma direta para estimular as vendas desses produtos que, embora tenham baixa elasticidade, encontravam, nos seus altos valores médios unitários, um obstáculo ao consumo", disse.

Nenhuma das 16 regiões do Estado analisadas pela pesquisa escapou da queda. O maior recuo foi visto em Campinas: -15,2%. A menor baixa, por sua vez, foi verificada em Marília: -0,9%. A capital apresentou declínio de 4,2%.

Dezembro

A pesquisa da FecomercioSP também apresentou dados referentes a dezembro de 2015. No mês, o faturamento atingiu R$ 56 bilhões. O montante representa alta de 18,5% em relação a novembro, em razão das vendas de Natal. Na comparação com dezembro de 2014, no entanto, houve queda de 4,3%.

 



Veículo: Jornal Estado de Minas - MG


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