O varejo tem aumentado a procura por serviços de segurança terceirizada. Assim, tende a se tornar um dos principais clientes do setor de vigilância e logística de valores nos próximos anos. Segundo empresas consultadas pelo DCI, com a queda de serviços para empresas financeiras, principal foco do mercado até agora, a saída é diversificar.
Uma das grandes do segmento, a Prosegur lançou no ano passado duas soluções para o setor varejista: o CataMoedas e a transação on-line do Caixa Fácil (cofres inteligentes que contabilizam e depositam o valor na conta do usuário). "Queremos diversificar com o varejo e usar a tecnologia a favor", explica o diretor-geral de logística de valores e gestão de numerário da Prosegur, Alessandro Abrahão.
A empresa diz ter aumentado de 17 para 29 o número de veículos para o transporte de carga especial - remédios, eletrônicos e outros dispositivos de alto valor. De acordo com o executivo, a demanda entre os varejistas tem aumentado por conta da busca deles por redução de custo, que com a segurança privada pode chegar a 15%. "Antes, as varejistas tinham de realizar 4 ou 5 contratações com frete, equipe de carro forte e outros."
Outro indicativo do setor como potencial nicho, segundo ele, é por conta do crescimento da sinistralidade (relação do risco com o custo de transporte) da logística de mercadorias especiais. Apesar da demanda maior do varejo, conforme o executivo os bancos continuam tendo a maior participação da receita. No entanto, para contornar a retração do mercado e queda do volume de numerário movimentado, a estratégia será aumentar a participação do setor varejista no portfólio de clientes. "A expectativa é lançar mais dois produtos [para o varejo]", diz Abrahão. Em 2016, a previsão da empresa é ter alta de 6% do faturamento.
Desafio
Para o presidente do Grupo Protege, Marcelo Baptista de Oliveira, os principais motivos da queda da demanda do segmento bancário é o encolhimento do setor (em número de agências) e a diminuição do fluxo de dinheiro no mercado brasileiro como um todo, por conta da instabilidade econômica. "Os bancos estão enxugando mercado e isso é uma preocupação grande. Inclusive, muitas empresas [de segurança] quebraram no decorrer da última década", pontua o executivo.
Líder do mercado, o Grupo Protege também pretende aumentar a receita com a participação entre os varejistas. Atualmente, a área representa 15% dos clientes da empresa e a expectativa é chegar a 40% em dois anos. "O que o banco está deixando de movimentar vamos procurar no varejo."
Apesar de ser um filão para o ramo de segurança, ainda existe uma barreira no varejo, por ser um mercado pouco explorado e conhecido. "No passado, nunca pensamos em ir para esse setor. Mas agora está crescendo e demandando por mais segurança". No caso do segmento industrial, Oliveira acredita que deva continuar entre os principais clientes da área. "Mas o crescimento será mais lento", crê. Para aumentar a clientela, o presidente do grupo aponta que aposta nas feiras de negócio. A previsão este ano é participar de ao menos nove.
Foco comercial
No Grupo GR o foco é um pouco diferente. A participação de empresas financeiras entre os clientes é pequena. "Nossa carteira é muito pulverizada, faz parte da estratégia", afirma o diretor comercial nacional do Grupo GR, Ricardo Franco. Graças à diversificação, diz, a empresa conseguiu crescer 18% em 2015, ante ao ano anterior.
Os principais serviços da GR são segurança patrimonial, portaria, controle de acesso e segurança eletrônica. Os principais clientes são shopping centers, instituições de ensino, prédios comerciais e indústrias. Franco garante que esses mercados não tiveram queda nos pedidos, mas acomodação de equipe. Para este ano, o executivo prevê aumento de 18% no faturamento. "Estamos com cautela", aponta. O executivo pretende buscar novos contratos para contornar a redução de serviços para o mesmo cliente. "Muitas empresa estão deixando de utilizar equipes próprias e contratando um terceiro."
Tendência
"Quem não inovar os produtos não crescerá", diz o diretor comercial da Cipa Fiera Milano, organizadora da Exposec, Rimantas Sipas. A tendência para ele é que o mercado cresça, mesmo que seja com outro perfil de produto. A tecnologia, segundo o executivo, não permite apenas o aumento da eficiência e segurança do produto, mas também a redução de custo de operação. "Quanto mais tecnologia, mais acessível fica para as pequenas empresas varejistas."
O aumento da criminalidade tem feito com que o varejo procure mais o serviço, mas cabe às empresas de segurança ofertar produtos para esse nicho, aponta. Além das pequenas e médias empresas, as grandes companhias como os bancos também devem exigir inovação. "Se por um lado eles deixam de consumir algo, por outro ele aumenta a procura por serviço contra falsificação de dinheiro."
Em maio está prevista a Exposec - Feira Internacional de Segurança, com maior número de expositores. A 19ª edição será realizada entre os dias 10 a 12 de maio, no São Paulo Expo Exhibition & Convention Center, em São Paulo. A expectativa é que participem mais de 800 marcas expositoras e 42 mil visitantes da área.
Veículo: Jornal DCI